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Campeão em 5 meses, Modesto Roma Jr. supera marca do pai no Santos

Ainda durante a campanha que o elegeu presidente do Santos, Modesto Roma Jr., 62, fazia questão de citar o pai Modesto Roma, diretor santista de 1951 a 1975 e presidente de 1975 a 1978, seria sua referência no cargo. Pois neste domingo (3), com a conquista do título do Campeonato Paulista, o pupilo conseguiu obter uma marca que o mestre jamais teve.

Com cinco meses no cargo, Roma Jr. já conduziu o Santos ao primeiro título da gestão dele. A equipe foi campeã paulista ao superar o Palmeiras, na Vila Belmiro.

É o 21º título estadual do Santos, que agora iguala o São Paulo.

O primeiro título de Modesto Roma pai no Santos foi como diretor de futebol em 15 de janeiro de 1956, quando o Santos derrotou o Taubaté por 2 a 1, na Vila Belmiro, e sagrou-se vencedor do Paulista de 1955.

Aquele título, aliás, encerrou um jejum de 20 anos do clube sem taças.

A sequência foi a melhor da história do Santos.

Em 1956, iniciou-se a chamada era Pelé e foram 27 títulos: dois Mundiais, duas Libertadores, uma Recopa Intercontinental, uma Supercopa Sul-Americana, seis nacionais, quatro regionais e 11 estaduais.

Como presidente, já sem Pelé, Modesto Roma pai teve feitos modestos. Foi presidente quando o Santos montou um time de garotos, com Juary, Pita, João Paulo e Nílton Batata, que ganhou o apelido de "Meninos da Vila", em 1978. Após deixar o clube, o time venceu o Paulista de 1978, já com Rubens Quintas Ovalle como mandatário.

Pelos feitos do time na era Pelé, Modesto Roma pai tem um busto no estádio santista.

Luiz Fernando Menezes/Folhapress
Modesto Roma Jr., presidente do Santos, durante entrevista exclusiva para a Folha de S.Paulo
Modesto Roma Jr., presidente do Santos, durante entrevista exclusiva para a Folha de S.Paulo

ATUAL PRESIDENTE

É difícil imaginar que o atual mandatário consiga repetir os feitos do pai, afinal não tem um Pelé no elenco.

E as dificuldades de Roma Jr. são enormes. Para começar, ele assumiu o Santos na pior crise da história do clube.

Com dívidas de cerca de R$ 400 milhões, o cartola teve de renegociar dívidas pendentes de água e luz. Perdeu na Justiça atletas como o volante Arouca e o lateral Mena por causa de salários atrasados.

Investimentos errados na última temporada –como a vinda de Leandro Damião, com € 13 milhões emprestados pelo fundo de investimento Doyen Sports– dificultaram ainda mais a situação financeira do clube.

Os R$ 3 milhões de premiação do Campeonato Paulista foram bloqueados pela Justiça para quitar dívidas. Uma parte servirá para pagar o técnico Muricy Ramalho, que deixou o clube em maio de 2013 e cobra R$ 1.300.950,00, equivalente a cinco parcelas da rescisão contratual.

Para superar momentos tão difíceis Modesto Roma Jr. recorre a uma frase do pai. A cada entrevista costuma dizer que "as pessoas passam e o Santos fica".

Trabalhando assim, ele tenta contornar a crise financeira. Vibrou ao conseguir colocar o time na decisão do Estadual e até desabafou.

"Diziam que seriamos rebaixados, passaríamos vergonha", conta para as pessoas próximas.

Com o título, a missão agora é fazer uma equipe forte para o Campeonato Brasileiro. A prioridade é segurar jogadores. O atacante Robinho, com contrato até 30 de junho deste ano, é o primeiro na lista de prioridades.

O presidente deve viajar para a Itália nos próximos dias para acertar a contratação dele. Depois vai tentar segurar Lucas Lima, o meia tem um acordo para sair caso apareça alguma proposta da Europa.


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