Folha de S. Paulo


Vencedora da 1ª maratona olímpica em 1984 disputará prova em Boston

Tony Duffy - ago.1984/Getty Images
A atleta norte-americana Joan Benoit, dos Estados Unidos, recebe a medalha de ouro em Los Angeles
A atleta norte-americana Joan Benoit, dos Estados Unidos, recebe a medalha de ouro em Los Angeles

A campeã da primeira maratona olímpica feminina continua firme, forte e competitiva. Trinta e um anos depois da corrida em Los Angeles, Joan Benoit Samuelson, 57, disputa nesta segunda-feira a maratona de Boston de olho na vitória na sua faixa etária –como veterana, já venceu três vezes em sua categoria, além de ter duas vitórias no geral (1979 e 1983).

Como ela, outros ex-campeões vão se somar às cerca de 30 mil pessoas que participam da mais tradicional prova do gênero no planeta.

Boston chega à sua edição número 119, com segurança reforçada –há dois anos, um ataque terrorista matou três pessoas e deixou mais de 260 feridos no final da prova.

Estará presente a última mulher norte-americana a vencer a prova, Lisa Rainsberger. Ao 53 anos, ela comemora 30 anos de sua conquista: fez 2h34min05 em 1985.

Também voltam ao cenário o americano Amby Burfoot (campeão em 1968) e o italiano Gelindo Bordin (90).

Joan Samuelson é um dos raros exemplos de veteranos que se mantêm competitivos.

Em 2008, aos 50 anos, foi capaz de se qualificar para disputar a seletiva para a seleção americana que iria para a maratona em Pequim.

Colocou como meta fechar em menos de 2h50 (inspirada por sua idade) e fechou em 2h49min08. Não se classificou, mas deixou para trás mais de 30 competidoras, sem contar outras tantas que nem sequer terminar a prova.

Apesar de ter tido sua maior glória em Los Angeles, ela adora Boston, onde em 1983 cravou a melhor marca de sua carreira e então a melhor do mundo (2h22min43).

Em 2013, para festejar os 30 anos de seu recorde, ela se desafiou a correr Boston em no máximo 30 minutos a mais que sua marca original. Venceu o desafio pessoal, cravando 2h50min29, e foi a primeira na faixa de 55 a 59 anos.

Lisa, que é apresentada como "a última a ter sido a primeira", é quatro anos mais jovem que Joan, mas chegou a disputar provas contra ela.

Em 1984, por exemplo, ficou em quarto na seletiva norte-americana para a primeira maratona olímpica feminina. Três se classificaram.

No ano seguinte, conquistou sua celebrada vitória em Boston, com 2h34min06.

Agora, aos 53 anos, obviamente perdeu muito de sua velocidade, mas segue em ótima forma. Tanto que, para festejar o aniversário de sua conquista, participa não apenas da maratona como também se inscreveu numa prova de 5 km realizada dois dias antes do evento principal.

Nenhum dos ex-campeões, por certo, tem a menor chance frente ao pelotão de corredores de elite que disputam a prova em busca do prêmio máximo de US$ 150 mil (mais de R$ 450 mil). Entre homens e mulheres, o grupo reúne quase 40 atletas de 11 países.

O conjunto masculino, liderado pelo ex-recordista mundial Patrick Makau, deve ser o mais competitivo.

Cinco corredores já completaram a maratona em menos de 2h05; outros cinco têm recordes pessoais inferiores a 2h07. O etíope Lelisa Desisa e o queniano Abel Kirui, duas vezes campeão mundial, são alguns destaques.

É bem verdade, porém, que nem sempre o mais rápido vence em Boston, cujo percurso é repleto de subidas e descidas. No ano passado, o campeão foi o americano Meb Keflezighi, cujo melhor tempo foi exatamente o da vitória em Boston: 2h08min37, marca modesta em comparação com outros resultados da elite internacional.

Meb volta para tentar ser o primeiro bicampeão doméstico desde Bill Rodgers, que foi tetracampeão, com três vitórias seguidas (1978-1980).

Além da competição estrangeira, terá um norte-americano tentando lhe atrapalhar os planos: Dathan Ritzenhein, que tem recorde pessoal mais forte do que o de Meb, estará na prova.

Entre as mulheres, a queridinha da América, Shalane Flanagan, é apontada pelos especialistas como candidata ao título. Mas vai ter de se esforçar muito. Sétima no ano passado, tem pela frente um grupo de corredoras africanas bem mais rápidas.

A etíope Mare Dibaba, mais veloz do grupo (2h19min52), é uma delas. Pode ter contra si, porém, o grande número de provas acumuladas em relativamente pouco tempo: Boston será sua quarta maratona em 12 meses; em geral, a elite corre no máximo duas provas do gênero no período.

Talvez a torcida local tenha de se contentar em apoiar uma estrangeira que vive há anos em Nova York e diz já ter sido adotada pelos locais.

É a etíope Buzunesh Deba, carinhosamente apelidada de Buzu, que já tem oito vitórias nos EUA e amargou o segundo lugar em Boston em 2014. Ela herdou o título porque a campeã, a queniana Rita Jeptoo, foi pega no antidoping.


Endereço da página: