Folha de S. Paulo


Jogadores, conselheiros e salário de R$ 10 mil definiram técnico do Santos

Ivan Storti/Divulgação/Santos FC
Marcelo Fernandes orienta jogadores do Santos durante treino no CT Rei Pelé
Marcelo Fernandes orienta jogadores do Santos durante treino no CT Rei Pelé

Minutos após a vitória do Santos sobre o Palmeiras, nesta quarta (11), o presidente Modesto Roma Júnior descia do seu camarote para o vestiário. Enquanto atravessava as cadeiras sociais, um conselheiro se aproximou e colocou a mão em seu ombro.

"Presidente, coloque a mão na consciência. Efetive o Marcelo Fernandes", foi o pedido.

Ele registrou o pedido, mas não disse nem sim, nem não. Apenas concordou com a cabeça. Minutos depois, dentro do vestiário, ouviu que os atletas haviam jogado o clássico para dar uma vitória para o treinador interino. Ficou sabendo que Robinho havia manifestado publicamente sua preferência. O clima no elenco balançou o dirigente.

Editoria de Arte/Folhapress

Na manhã desta quinta (12), foi avisado que havia um movimento de conselheiros para irem na sexta (13) ao Centro de Treinamento para manifestar apoio a Marcelo Fernandes. Foi neste momento que ele resolveu consultar pessoas mais próximas e integrantes do comitê de gestão. A decisão não era unânime, mas Modesto resolveu convocar a imprensa para anunciar que o ex-zagueiro seria efetivado após duas vitórias em duas rodadas do Paulista (Botafogo e Palmeiras).

Embora não tenha sido o principal motivo, a questão econômica pesou. Para assumir o cargo, Fernandes vai ganhar um aumento irrisório para o mundo do futebol profissional. Vai passar de R$ 7 mil para R$ 10 mil mensais. Assim será equiparado financeiramente a Serginho Chulapa, que será seu auxiliar. Há a promessa de reajuste em caso de bom desempenho no Paulista e na Copa do Brasil.

A avalanche de apoio a Fernandes fez com que o presidente falasse em "opinião pública" na entrevista coletiva e ressaltasse estar aberto a opiniões contrárias.

Há o temor no clube de que a inexperiência do técnico faça a diferença, negativamente, em partidas decisivas, mas a avaliação do presidente era que valia a pena arriscar. Até para dar a Dorival Júnior, seu nome preferido para o cargo, tempo para "baixar a bola".

Ele não foi contratado porque não houve acordo financeiro. O Santos ofereceu, no máximo, R$ 230 mil mensais. Com este valor, ele teria de pagar também os auxiliares que levasse para a Vila Belmiro. Dorival queria R$ 300 mil.

Vágner Mancini, considerado o segundo nome, nunca foi o da preferência do presidente. Seu maior apoiador dentro do clube era o CEO e homem forte do futebol, Dagoberto Fernando dos Santos. No que dependesse do presidente e também de Marcelo Teixeira, maior referência política do grupo que elegeu Modesto, a segundo opção seria Claudinei Oliveira. Mas este não aceitou sair do Atlético-PR.

A situação confortável no estadual também ajuda. Com 23 pontos, o Santos lidera com folga o Grupo D e está praticamente classificado para as quartas de final. Tem 13 pontos de vantagem em relação ao XV de Piracicaba, segundo colocado.


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