Folha de S. Paulo


CGU afirma que pode ter cometido um erro no relatório contra a CBV

A Controladoria-Geral da União (CGU) reconheceu que pode ter havido um equívoco no relatório que aponta irregularidades na gestão da CBV (Confederação Brasileira de Vôlei). Segundo nota oficial do órgão, é possível que a acusação de recebimento em dobro de Marcelo Wangler, diretor de eventos da CBV, não seja correta. Em relação ao restante das denúncias, porém, a CGU não fez retificações.

Após o relatório, Wangler foi desligado do quadro de pessoal regular da entidade, passando a receber apenas como pessoa jurídica pela empresa MWangler.

Em dezembro de 2014, o Banco do Brasil suspendeu o patrocínio ao vôlei brasileiro, após relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) comprovar irregularidades na gestão de dinheiro público na Confederação Brasileira (CBV).

Reprodução/Twitter/FabianaClaudino
A central Fabiana, capitã da seleção brasileira e do Sesi, postou foto das jogadoras com a faixa de luto após irregularidades na CBV
Jogadoras do Sesi atuaram com uma faixa de luto no braço após irregularidades na CBV

A auditoria foi feita pelo órgão do governo federal depois de denúncias feitas pela ESPN Brasil desde o início do ano.

O banco divulgou nota na qual diz que "suspendeu os pagamentos à CBV referentes aos contratos de patrocínio e condiciona a retomada (...) -e a continuidade do patrocínio- à adoção imediata pela CBV de todas as medidas corretivas apontadas pela CGU".

O acordo vigente da CBV com a instituição tem duração até 30 de abril de 2017 e prevê confidencialidade.

Na última quarta-feira (7), o Banco do Brasil informou que a confederação já comunicou "que todas as recomendações apontadas pela CGU e outras medidas solicitadas pelo BB serão implementadas".

Desta forma, a suspensão do pagamento do patrocínio ao vôlei -R$ 70 milhões por ano- pode acabar em breve, mas ainda sem data estabelecida, depende de a CBV formalizar em contrato o que acordou com o banco.

CONFIRA A NOTA DA CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO

Com relação à Nota à Imprensa publicada pela Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) sobre as constatações do Relatório de Auditoria nº 201407834, especificamente sobre o pagamento de Bônus de Perfomance e sobre a forma de remuneração do diretor de Eventos da Confederação, a Controladoria-Geral da União (CGU) esclarece que: 1) Não há equívoco na questão do Bônus de Performance. É importante ressaltar, inclusive, que a equipe de Auditoria da CGU adotou método bastante conservador para a mensuração do direcionamento de recursos, utilizando, até mesmo, a documentação encaminhada pela própria CBV ao Banco do Brasil.

2) No caso do diretor de Eventos da CBV e também proprietário da empresa MWangler, é possível o argumento de que ele não teria recebido em dobro, uma vez que o diretor recebeu como funcionário regular da CBV pelos trabalhos prestados em setembro e parte do mês de outubro de 2013, sendo que, neste último mês, ele foi desligado do quadro pessoal regular da entidade, passando a receber apenas como Pessoa Jurídica, pela empresa MWangler. A anotação do relatório da CGU (de que o diretor ganha duas vezes: uma como funcionário da própria CBV e outra como PJ) levou em consideração o fato de que, no mês de outubro de 2013, o diretor de Eventos teve rendimentos recebidos como funcionário e também como empresa.

Contudo, em função do cenário da transição entre as duas formas de contratação e remuneração, a CGU entende que o recebimento de duas fontes distintas em um mesmo mês pode, de fato, não ser um indício de irregularidade, de recebimento duplo por um único trabalho. Entretanto, a CGU reafirma a gravidade das contratações de dirigentes/funcionários como Pessoa Jurídica (fenômeno conhecido como Pejotização).


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