Folha de S. Paulo


Conhecido pelos talentos, Barcelona convive com crises em sua história

Casa de jogadores como Lászlo Kubala, Cruyff, Stoichkov, Laudrup, Romário, Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho e agora Messi, o Barcelona gravou seu nome na história como um clube identificado com o futebol bem jogado. Entre outras coisas, o slogan "mais que um clube" remete a essa identidade.

No entanto, a atual crise pela qual passa o clube, com maus resultados e penalidades internacionais, não é novidade para o Barça, cuja trajetória permeada de crises também é um traço de sua identidade. Além de talentoso, também é um time dramático.

Listamos abaixo outros momentos em que as crises se instalaram no Barcelona e dividiram o espaço na imprensa com os craques do clube.

Caso Neymar - 2013/2014

A transferência do atacante Neymar do Santos para o Barcelona foi cercada de suspeitas de irregularidades. Após denúncias de que teria omitido R$ 38 milhões de euros (aproximadamente R$ 120 milhões) na transação e deixado de pagar os impostos correspondentes, o então presidente do clube Sandro Rosell renunciou a seu cargo, deixando-o com o atual mandatário Josep Maria Bartomeu.

Laporta, fim da era Ronaldinho e a moção de censura - 2007/2008

Após duas temporadas sem conquistar títulos e o fim do ciclo de pessoas importantes na história do clube, como os meias Deco e Ronaldinho e o técnico Frank Rijkaard, o presidente do Barcelona Joan Laporta passa a sofrer grande pressão de torcedores e diretores para que renuncie ao cargo.

Após a eliminação da Champions League em abril de 2008 e derrota emblemática para o Real Madrid em maio de 2008, um grupo de sócios inicia abaixo-assinado para iniciar uma chamada "moção de censura" para retirar Laporta da presidência. Na votação da moção, a maioria dos sócios (60,6%) vota pela saída do presidente, mas Laporta continua no cargo, pois os estatutos do clube exigem maioria qualificada de 66,6% para obrigar a renúncia.

Gaspart e o jejum de títulos - 2000/2003

Tido como um dos piores presidentes da história do Barcelona, Joan Gaspart cumpriu apenas metade de seu mandato, de julho de 2000 a fevereiro de 2003, tendo renunciado diante de grande crise institucional, econômica e desportiva do clube.

Durante os três anos de Gaspart como presidente, o clube não venceu nenhuma competição relevante e investiu 180 milhões de euros em contratações que não deram certo.

A guerra Núñez x Cruyff e o fim do "dream team" - 1995/1996

No início da década de 1990, o ídolo barcelonista Johann Cruyff foi o técnico da geração conhecida como "dream team" do clube. Com jogadores como Guardiola, Stoichkov, Laudrup, Koeman e Romário, ele conseguiu conquistar quatro Campeonatos Espanhois consecutivos e afastou a sina de time perdedor que começava a assombrar o Barcelona no período.

As vitórias aplainavam a tensão existente entre Cruyff e o presidente Josep Lluis Núñez, que achava o técnico um ególatra.

Contudo, com o desmanche do time dos sonhos e a progressiva escassez de títulos na segunda metade da década de 1990, os atritos se tornaram públicos, e passaram a dividir a torcida entre apoiadores do presidente e do técnico. No auge da tensão, Cruyff reclamava publicamente da falta de reforços, ao que Núñez respondia: "com dinheiro, até a minha porta contrata jogadores". Irônico, o holandês replicava que "a porta não era presidente de um clube de futebol".

Em 1996, Cruyff foi demitido de sua função.

O fracasso de Maradona - 1982/1984

No início da década de 1980, o Barcelona vivia uma grande carência de títulos desde o final da década de 1950. Desde 1960, havia vencido o Campeonato Espanhol apenas uma vez, em 1974. Então, quando foi contratado por um valor recorde de mais de sete milhões de dólares (aproximadamente R$ 19 milhões) do Boca Juniors, o argentino Maradona chegou como um messias.

No entanto, a passagem do atacante pelo clube foi decepcionante. Após uma primeira temporada apagada, no início do segundo ano pelo Barça ele sofre uma entrada desleal do zagueiro Andoni Goikoetxea, do Athletic Bilbao, e fratura o tornozelo esquerdo.

Sete meses depois, Barcelona e Athletic Bilbao voltam a se enfrentar por ocasião da final da Copa do Rei. Após a derrota de sua equipe, Maradona protagoniza uma briga generalizada entre os jogadores.

Em razão da confusão e de desentendimentos seguidos com a diretoria do clube, o argentino é suspenso por três meses, e então é negociado com o Napoli, da Itália.


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