Folha de S. Paulo


Doha bate Meca do atletismo nos EUA e Barcelona e vai sediar Mundial

A cidade de Doha, um dos palcos da Copa do Mundo de futebol em 2022, será também a sede do Mundial de atletismo em 2019. A decisão foi tomada nesta terça-feira pelo Conselho Diretor da Federação Internacional (IAAF), em Monte Carlo.

Doha obteve 15 votos, mais que os 12 de Eugene, nos Estados Unidos no segundo turno da votação. Barcelona foi eliminada na primeira etapa da escolha, feita de forma secreta, ao registrar apenas seis votos contra nove da cidade americana e 12 da sede escolhida pela federação.

Barcelona organizou, com enorme êxito, os Jogos Olímpicos de 1992 além de outros mundiais desde então. Já Eugene é considerada a Meca do atletismo norte-americano.

A candidatura do Qatar ofereceu à IAAF, durante a apresentação do projeto, US$ 37 milhões (cerca de R$ 96 milhões) de patrocínio durante os próximos cinco anos.

O turno de perguntas e o posterior debate de quase uma hora no conselho atrasou o anúncio da escolha, que ocorreu duas horas depois do previsto.

A apresentação de Doha, que esgotou os 30 minutos disponíveis, foi feita pelo melhor atleta do país, Mutaz Essa Barshim, segundo no ranking mundial de salto em altura, com uma marca de 2,43 metros.

A candidatura do Qatar ressaltou que, em setembro, quando o campeonato será organizado, as temperaturas são mais amenas, inferiores às que ocorrem durante a Liga de Diamante.

Apesar do apoio do marroquino Hicham El Guerrouj, recordista mundial dos 1.500 metros (já aposentado) e da americana Allyson Feliz, vencedora de quatro medalhas de ouro olímpicas e oito mundiais, Eugene não conseguiu vencer a capital do Qatar.

O prefeito de Barcelona, Xavier Trias, se mostrou indignado pela derrota e disse que a cidade espanhola vai se candidatar mais uma vez em 2021.

"Doha fez também uma boa apresentação, mas, além disso, tem um poder econômico muito grande e concorrer com eles é praticamente impossível desse ponto de vista", reconheceu o espanhol.

Sobre a contribuição que Doha supostamente fez hoje [US$ 37 milhões] à IAAF, o prefeito preferiu evitar a polêmica.

"Não quero falar que ocorreu um movimento irregular de contribuição econômica na manhã de hoje. Prefiro parabenizar o ganhador, porque ficar chorando é um mau negócio", disse.

"O importante de tudo isso é aprender. E, repito, voltar a tentar [a candidatura] porque acho que é nossa obrigação. Quando saí de Barcelona já disse que nosso grande perigo era Doha", finalizou.

Já o presidente da Real Federação Espanhola de Atletismo (RFEA) e membro da IAAF, José María Odriozola, elevou o tom das críticas sobre o dinheiro oferecido por Doha.

"O Qatar ofereceu US$ 37 milhões extras fora do prazo à IAAF. Dissemos que era ilegal, mas quem manda, manda. Em 7 de novembro acabava o prazo de apresentação dos projetos e dos incentivos, se eles existissem. Eles dizem que entregaram a proposta quando a comissão de avaliação visitou Doha, mas até hoje não se sabe se isso é verdade", questionou.


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