Folha de S. Paulo


Pistorius deu dinheiro à família da namorada após crime, diz testemunha

Uma assistente social ligada à defesa de Oscar Pistorius afirmou nesta terça-feira (14) que o atleta, declarado culpado de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) por assassinar a tiros a namorada, Reeva Steenkamp, ajudou financeiramente a família da vítima após o crime.

Os parentes da modelo, presentes no tribunal, negaram com gestos as palavras de Anette Vergeer, que disse que Pistorius ofereceu dinheiro mensalmente à família, que segundo a imprensa local passa por problemas econômicos.

Esse foi o segundo dia de audiência oral sobre a sentença de Pistorius no Tribunal Superior de Pretória, onde a juíza Thokozile Masipa decidirá a pena do atleta após escutar os argumentos da defesa e da Promotoria.

A assistente social sugeriu que Pistorius não fosse encaminhado a um presídio, mas que seja condenado à prisão domiciliar sob supervisão das autoridades penitenciárias, além da realização de trabalhos comunitários.

Vergeer justificou a proposta perante a falta de infraestrutura nas prisões sul-africanas para portadores de deficiência física como Pistorius, que tem as duas pernas amputadas desde os 11 meses de idade devido a um problema genético.

Também mencionou como motivos a "vulnerabilidade", o "estresse" e a "ansiedade" do corredor, assim como a superlotação das prisões do país que, segundo sua opinião, não serviriam ao propósito de "reabilitar" o condenado, apenas "deteriorariam" o estado de "um homem destruído".

Sentados em um dos bancos do tribunal, os parentes de Reeva choraram ao ouvir a declaração de Vergeer, a último testemunha da defesa a argumentar sobre a sentença.

Na segunda-feira (13) testemunharam outro assistente social e o agente do atleta, Peet van Zyl, que citou a longa lista de projetos sociais que o atleta teve durante a carreira.

Em 12 de setembro, Pistorius foi condenado por homicídio culposo pela morte de Reeva. Um dia depois de absolvê-lo da acusação de crime premeditado, Thokozile afirmou que Pistorius havia agido com negligência ao disparar quatro tiros contra a porta fechada do banheiro de sua casa, na noite de São Valentim de 2013, em 14 de fevereiro.

Com este veredito, o Tribunal aceitou em parte a versão de Pistorius, que afirmava ter atirado em pânico por achar que se tratava de um ladrão que tinha entrado em sua residência, mas recusou a parte em que disse ter disparado sem querer.

O julgamento do atleta começou em 3 de março e terminou em 8 de agosto, após promotoria e defesa apresentarem suas conclusões finais.

A Promotoria afirma que Pistorius premeditou o crime e luta para que ele pegue a pena máxima pelo assassinato. A lei sul-africana permite desde o pagamento de multa até 15 anos de prisão nesse tipo de crime.


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