O paulista Gabriel Medina inicia neste domingo (12), em Peniche, Portugal, a busca por um título mundial inédito para o Brasil.
Aos 20 anos, Medina se tornará o primeiro surfista do país a ganhar o WCT (principal categoria do surfe) se vencer a etapa portuguesa, que começa neste domingo e vai até o dia 23.
A conquista pode vir mesmo sem um triunfo, mas, neste caso, vai depender de outros resultados.
"Ele [Gabriel Medina] é, sem dúvida, um fenômeno. Despontou, se desenvolveu muito rápido e ainda vai evoluir muito", afirmou Fabio Gouveia, 45, um dos precursores do surfe no Brasil.
Nascido em São Sebastião, litoral paulista, Medina lidera a classificação com 56.550 pontos, 6.500 a mais do que o segundo colocado, que é o principal nome da história do surfe, o americano Kelly Slater, dono de 11 títulos mundiais.
"Gabriel possui uma calma extrema natural e ele não liga para o glamour que está vivendo. Criamos outros bons talentos, mas o Gabriel está mostrando que vai até o fim", afirmou Teco Padaratz, 43, outro grande nome do surfe do país.
Depois de nove etapas disputadas nesta temporada, Medina acumula três triunfos: em Gold Coast, Austrália, em Namotu, Fiji, e em Teahupoo, Taiti. Slater, por sua vez, ainda não venceu no ano.
Se não for campeão em Portugal, a decisão ficará para a última etapa, no Havaí, que acontece entre os dias 8 e 20 de dezembro.
FIM DA HEGEMONIA?
Se confirmar o título em Portugal, Medina não vai apenas ganhar o primeiro Mundial para o Brasil na modalidade, como também colocará um ponto final na hegemonia que hoje pertence aos Estados Unidos e a Austrália.
Os dois países dividiram os títulos das últimas nove temporadas –cinco para os Estados Unidos e quatro para a Austrália. O último surfista fora deste eixo a conquistar o Mundial foi o havaiano Andy Irons, em 2004 –o Havaí é considerado uma nação pela ASP (Associação dos Surfistas Profissionais).
Entre 2005 e 2013, Slater conquistou cinco dos seus 11 títulos mundiais –ganhou também em 1992 e de 1994 a 1998. Ele é o maior vencedor da modalidade.
Nas duas últimas temporadas, porém, amargou o vice-campeonato. Em 2012, ficou atrás do australiano Joel Parkinson. No ano passado, perdeu para o também australiano Mick Fanning. Em 2014, ele caminha para um outro segundo lugar.
Se for campeão, além de quebrar tal hegemonia, Medina se estabelece como o primeiro surfista a conquistar o título sem ter o inglês como idioma oficial.
Disputada desde 1976, o Circuito Mundial já teve como vencedores, além de australianos, havaianos e americanos, um sul-africano (em 1977) e um inglês (em 1989).