Folha de S. Paulo


Redução do ronco dos motores irrita fãs, organizadores e Ferrari; ouça

"Sobem os giros dos motores. Não se escuta muito. Motor turbo não ronca tão alto".

A decepção de Galvão Bueno ao narrar a falta do tradicional barulho dos motores na largada da primeira prova de F-1 não ficou restrita à TV.

O som da nova F-1, dos motores turbo V6, não agradou a todos na abertura do Mundial deste ano, vencida no domingo pelo alemão Nico Rosberg, da Mercedes, e fez os organizadores do GP da Austrália reclamarem de uma possível quebra de contrato.

Ouça abaixo a diferença do som dos motores em Melbourne em 2013 e 2014 feito por um fã australiano

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Ron Walker, organizador da prova australiana, que está no calendário da categoria desde 1996, entrou em contato com Bernie Ecclestone, detentor dos direitos comerciais da F-1, para dizer que o público australiano não ficou satisfeito com os carros menos barulhentos deste ano.

"Fiquei extremamente feliz com o final de semana inteiro, mas não fiquei tão feliz assim com o barulho", afirmou Walker, nesta segunda-feira. "Estamos tentando resolver isso com Bernie porque é claramente uma quebra de contrato. Falei com ele na noite de ontem [anteontem] e não é por isso que nós pagamos. Ele vão ter que mudar", completou.

O GP da Austrália foi o primeiro contato da F-1 com os fãs após os testes da pré-temporada, disputados em Jerez, na Espanha, e no Bahrein. E foi também a estreia do novo regulamento técnico da categoria, que conta com várias modificações, a principal delas o novo motor, agora chamado de unidade de potência, por conta de sua complexidade e que ficou mais "ecologicamente correto" e também menos barulhento.

De acordo com Walker, os fãs não ficaram satisfeitos com o novo som da F-1, agora mais suave, e isso pode refletir na diminuição das vendas para os próximos anos.

"Somos uma empresa de entretenimento e temos a missão de entreter o público. Todos estavam reclamando disso [a falta de barulho]. Quando você tira a empolgação das pessoas, você acaba tendo problemas para vender os ingressos depois. Há que se criar demanda e parte disso é fazer com que as pessoas gostem do ruído dos carros", completou Walker.

O contrato atual de Melbourne com a F-1 vai até o ano que vem e a extensão ainda não foi negociada. Estima-se que o governo gaste cerca de US$ 45 milhões (cerca de R$ 106 milhões) por ano para receber a etapa da categoria.

OUTRO LADO

Em entrevista para a agência de notícias Reuters, Bernie Ecclestone, disse que Walker "provavelmente" passou um pouco do ponto na reclamação, mas já prevê problemas.

"Um ou dois promotores entraram em contato comigo e se mostraram insatisfeitos", afirmou o dirigente. "Conversei com o [presidente da Ferrari] Luca di Montezemolo agora pouco e ele me disse que nunca recebeu tantos emails de reclamações dizendo que isto não é a F-1", completou.

Ecclestone disse que a questão do barulho pode vir a ser um problema financeiro. Mas lembrou que se os promotores dos Grandes Prêmios resolverem reclamar por uma diminuição nos valores devido à quebra de contrato vai mexer também no recebimento das equipes. Isto porque parte do valor acertado da F-1 vai para os times.

Editoria de Arte/Folhapress

Com informações da Reuters


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