Folha de S. Paulo


Campeão mundial Amarildo quebra o roteiro em festa da Fifa e cobra disciplina na Copa

Campeão mundial de 1962 com a seleção brasileira, o ex-atacante Amarildo, 74, fugiu do roteiro durante a cerimônia de premiação da Fifa, nesta segunda-feira, em Zurique, na Suíça, e abordou temas polêmicos sobre a Copa do Mundo-2014.

Com o microfone na mão, ele iniciou um discurso mais longo do que o dos convidados Pelé e Cafu, que estavam ao seu lado no palco.

Disse que é preciso "mais disciplina" dos torcedores durante o Mundial –a rodada final do Brasileiro ficou marcada por um confronto violento entre torcedores organizados de Vasco e Atlético-PR, em Joinville– e lembrou rapidamente da derrota brasileira na final da Copa-1950, quando o time nacional perdeu a taça para o Uruguai, no Maracanã.

"A torcida pode ajudar ou até prejudicar. Futebol é jogado dentro de campo. A torcida não tem o poder de ganhar o jogo. Quem tem essa obrigação são os jogadores, dando aquilo que eles sabem. O futebol se ganha dentro do campo. E nós temos a obrigação que nossos torcedores sejam mais disciplinados, porque o que está acontecendo em nossos campos não pode acontecer no Mundial", disse Amarildo.

Fabrice Coffrini/AFP
O ex-jogador Amarildo (centro) ao lado de Pelé (dir.) na cerimônia da Fifa, em Zurique, na Suíça
O ex-jogador Amarildo (centro) ao lado de Pelé (dir.) na cerimônia da Fifa, em Zurique, na Suíça

"O Brasil tem tudo para ganhar esse Mundial. E tem a oportunidade de tirar essa mancha que paira sobre o Maracanã, essa 'mala suerte'", acrescentou em seguida.

Amarildo ainda provocou risos de Marta, Cristiano Ronaldo e Messi, que estavam na plateia, ao brincar com Pelé durante seu discurso.

"Estou feliz por estar aqui ao lado do Cafu e do Pelé, apesar do Pelé ter me colocado naquela fogueira em 1962", disse o ex-jogador, substituto de Pelé, que se machucou, naquele Mundial.

QUEM FOI AMARILDO

Natural de Campos de Goytacazes, Amarildo fez parte do famoso time do Botafogo no final dos anos 1950 e início dos anos 1960 que tinha craques como Didi, Garrincha, Quarentinha e Zagallo.

Na Copa-62 herdou a vaga de Pelé na seleção, após o craque santista se lesionar no início do Mundial. Com os três gols marcados nos quatro jogos que fez, ficou conhecido como "O Possesso" e foi um dos protagonistas daquela conquista.

Deixou o Brasil em 1963, com 24 anos, para jogar no futebol italiano e só retornou em 1973. Encerrou a carreira no ano seguinte, no Vasco.

Mas Amarildo também teve a carreira marcada por polêmicas. Quando defendia o Milan chegou a afirmar que era o novo "Rei do Futebol", ao participar da vitória do Milan sobre o Santos de Pelé no primeiro jogo decisivo do Mundial de Clubes-1963. Seu time perdeu o título e Amarildo foi vaiado nos dois jogos contra o Santos, no Rio.

Depois do Milan, o jogador ainda atuou pela Fiorentina e pela Roma. Voltou ao Brasil para o Vasco e disputou mais duas temporadas.

Em setembro de 2011, iniciou um tratamento contra um câncer na garganta. Durante esse período chegou a perder cabelo e peso, e ficou muito debilitado fisicamente. A recuperação começou em 2012, quando o ex-jogador voltou a aparecer em público.

Desde 2011, trabalha no Botafogo como embaixador das escolinhas do clube carioca e costuma participar de eventos relacionados a história alvinegra. Em outubro do ano passado, participou de uma cerimônia em homenagem a Garrincha, em Magé (RJ).


Endereço da página:

Links no texto: