Folha de S. Paulo


Rodrigo Caio sonha com virada sobre a Ponte para estrear em decisões

Rodrigo Caio, 20, lembra bem da decisão da última Sul-Americana. Cortado do banco de reservas, não teve a chance de participar das partidas contra o Tigre-ARG que deram o título ao São Paulo.

Aquela seria a oportunidade de o polivalente jogador disputar sua primeira final desde que foi promovido ao time profissional, em 2011. Chance que ele não pretende deixar escapar de novo.

O camisa 7 sonha com a virada sobre a Ponte Preta, hoje, em Mogi Mirim (a 151 km de São Paulo), para manter viva a chance do bi são-paulino e por realização pessoal.

"Disputar a primeira final é o sonho de todo jogador. Preciso ganhar um título com a camisa do São Paulo para fazer minha história aqui."

Seu último título foi conquistado na base, quando ainda era só Rodrigo. Capitão do São Paulo sub-17, levantou o troféu da Copa Independência Bicentenário, no México, após vitória 4 a 2 sobre o Chivas em outubro de 2010.

A 61ª partida de Rodrigo Caio no ano é também a mais importante delas. A derrota sofrida por 3 a 1 na semana passada, dentro do Morumbi, atrapalhou seus planos.

Agora, o São Paulo terá de fazer pelo menos três gols para passar pela semifinal da Sul-Americana e consagrar sua maior revelação de 2013.

Rodrigo Caio chegou ao elenco profissional sob olhares desconfiados. Por causa do "cabelinho bonito", recebeu o rótulo de "Mauricinho" e ouviu de torcedores que não merecia usar aquela camisa.

"Se eu fosse mesmo um 'Mauricinho' nem estaria jogando futebol", defende-se. "Falavam isso sem conhecer o meu passado, sem saber o sofrimento que enfrentei."

Nascido em Dracena (a 634 km de São Paulo), deixou a família e os amigos em 2006, aos 12 anos, para morar no centro de treinamentos das categorias de base do clube.

A vida longe da família não era fácil. E ele, que nunca gostou de estudar, precisou aprender as coisas na marra. Conseguiu concluir o ensino médio e cursou um mês de faculdade de educação física. Era seu plano B.

Promovido por Paulo César Carpegiani, estreou no time principal do São Paulo sendo goleado por 5 a 0 pelo Corinthians. Pensou que "não jogaria nunca mais."

Hoje, dois anos após a fracassada estreia, virou titular absoluto. Ganhou a posição após a queda para o Atlético-MG na Libertadores, em maio, e não saiu mais do time.

Encontrou-se como zagueiro, posição em que atuava na base antes de tentar a sorte como primeiro volante.

O atleta vive recebendo elogios de Muricy Ramalho, que o considera um jogador "diferenciado tanto na parte técnica quanto na intelectual". Para completar a boa fase, falta apenas uma final.

Jorge Araujo - 16.ago.2013/Folhapress
Rodrigo Caio dá entrevista no centro de treinamento do São Paulo
Rodrigo Caio dá entrevista no centro de treinamento do São Paulo

NOVELA E TÊNIS

Durante o tempo livre, Rodrigo Caio gosta de ficar em casa assistindo a TV. Jogos de tênis e novela (não necessariamente nessa ordem) são seus programas preferidos.

Na concentração, quem sofre é Ademilson, seu parceiro de quarto há dois anos, que não pode sequer chegar perto do controle remoto.

"O Rodrigo enche o saco com novela e tênis. Ele só vê isso, dá até raiva. Pelo amor de deus, não aguento mais! O controle fica do lado dele, e, se eu encostar, aí é briga", desabafa o atacante, aos risos.

Os dois atletas se conheceram nas categorias de base do São Paulo e viraram grandes amigos.

"É um cara tranquilo, na dele, que sempre me ajudou muito. Ele não tem maldade com ninguém e é trabalhador para caramba", diz Ademilson


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