Menos de três meses antes do início dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Sochi (Rússia), o laboratório antidoping daquele país que seria responsável por conduzir os exames da Olímpiada tem sido considerado pouco confiável e pode ser proibido de testar os atletas olímpicos.
O presidente da Agência Mundial Antidoping, John Fahey, disse que ele deu uma recomendação disciplinar ao laboratório russo e que ele irá tomar uma decisão nos próximos dias sobre o seu futuro.
O pior cenário é que o laboratório perca seu credenciamento, ou seja, os Jogos de Sochi teriam que realizar seus exames em outro laboratório.
"A decisão não deve levar muito mais tempo", disse Fahey na Conferência Mundial da agência sobre o Doping no Esporte. "Mas a documentação é extensa, e isso precisa ser trabalhado da forma adequada para obter o resultado correto."
Fahey não falou sobre os problemas que teria o laboratório antidoping da Rússia, que fica em Moscou. Mas funcionários da agência com conhecimento da investigação disseram que o laboratório tinha produzido testes falso-positivos quando ao avaliar urina e amostras de sangue para drogas proibidas.
| Jean-Bernard Sieber/Reuters | ||
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| Técnico de laboratório prepara amostras de urina para testes antidoping |
Testes no laboratório também não conseguiram identificar amostras contendo drogas proibidas. Isso seria um problema menor do que um falso-positivo, mas ainda uma grande preocupação, uma vez que sinalizou que o laboratório não conseguiu realizar o seu trabalho. Esses funcionários não querem seus nomes revelados porque o caso envolvendo o laboratório continua sendo investigado.
Se Fahey decidir retirar o credenciamento do laboratório de Moscou será um enorme constrangimento para a Rússia, que esteve sob escrutínio mundial por sua legislação antigay nos meses que antecederam aos Jogos.
Mas a Rússia não está sozinha em sua incompetência no campo de testes de drogas. Em agosto, a menos de um ano da Copa do Mundo no Brasil, o laboratório no Rio de Janeiro, cidade-sede do torneio, teve seu credenciamento revogado. Também, segundo fontes, houve problema de falsos-positivos em testes feitos.
"O laboratório Rio não tem tempo suficiente para se reagrupar, contratar novos funcionários e montar uma instalação adequada com a Copa do Mundo se aproximando", disse Arne
Ljungqvist, presidente da comissão médica do COI e vice-presidente da Agência Mundial Antidoping. Em vez disso, amostras de urina e sangue coletadas na Copa do Mundo serão testadas em um laboratório em Lausanne, na Suíça, de acordo com a FIFA, órgão máximo do futebol mundial.
Apesar de o plano ser caro, é a única opção de FIFA com tão pouco tempo que resta para o evento. A Rússia tem ainda menos tempo: os Jogos de Sochi começam em 7 de fevereiro, e as primeiras medalhas serão entregues um dia mais tarde.
Ljungqvist disse que o envio de amostras dos atletas do Brasil para a Suíça na Copa do Mundo não deve representar um grande problema, porque poucos jogadores são testados a cada jogo.
Nas Olimpíadas, no entanto, os cientistas do laboratório antidoping devem analisar uma bateria constante de um número muito maior de amostras e trabalhar durante a noite - por mais de duas semanas seguidas - para chegar a um resultado para cada amostra em 24 horas.
Os testes têm que ser feitos rapidamente para que os vencedores de medalhas de ouro que testem positivo percam suas medalhas assim que possível, para os segundos lugares poderem desfrutar da experiência - e aclamação - de ser coroado campeão olímpico nos Jogos.
Com um prazo apertado para analisar amostras nos Jogos Olímpicos, Ljungqvist disse que seria impossível que os testes de Sochi sejam enviados para um laboratório muito distante.
Assim, no caso de Sochi, o COI, o Comitê Organizador dos Jogos e a Agência Mundial Antidoping terão que trabalhar juntos para encontrar uma solução a tempo para as competições, que começam no início de fevereiro.