Folha de S. Paulo


Leandro diz que já se assustou com torcida do Palmeiras e quer ficar para o centenário

Um dos protagonistas do Palmeiras na temporada, o atacante Leandro, 20, realizou um sonho de infância em 2013. Filho de pai palmeirense, ele pôde vestir a camisa alviverde na campanha que colocou o time de volta na primeira divisão do Brasileiro.

Em entrevista exclusiva à Folha, Leandro disse que não imaginava jogar pelo Palmeiras. Virou palmeirense por incentivo do pai Carlos, mas somente uma vez teve a oportunidade de acompanhar o time como torcedor no estádio.

"Desde que nasci sempre ganhei roupas do Palmeiras. A influência veio do meu pai, mas só tinha visto o time uma vez dentro do estádio. Foi contra o Brasiliense, em Brasília", disse o jogador que nasceu no Distrito Federal e não recordou o ano e o resultado.

A possibilidade de jogar pelo Palmeiras surgiu de forma inesperada. Chegou ao clube paulista por empréstimo do Grêmio com outros três jogadores como parte da negociação pela compra do atacante Barcos pelo time gaúcho.

Com ídolos como Edmundo, Evair, Djalminha, Marcos e Valdivia, seu companheiro hoje no time, Leandro ficou assustado com a cobrança dos torcedores ao chegar ao clube em fevereiro, cerca de dois meses após a queda à segunda divisão.

"A torcida do Palmeiras é muito fanática, apaixonada pelo time e pelo clube, mas cria muito conflito com os jogadores. Aconteceram coisas chatas neste ano, mas não posso reclamar. Eles me receberam bem e sempre foram sensacionais comigo."

Dos momentos chatos, como classificou o atacante, mais crítico foi quando um grupo supostamente ligado a Mancha Alviverde tentou agredir os jogadores no aeroporto de Buenos Aires após uma derrota para o Tigre na Libertadores.

Leandro não estava com o time nessa ocasião, mas ficou surpreso.

O começo também não foi tão simples. Sem ser tão conhecido teve de batalhar para ser titular em um time que contava com Caio, Kleber, Maikon Leite e Vinícius. Ganhou a vaga aos poucos. Hoje é titular e o artilheiro do time no ano, com 16 gols em 39 partidas. Na Série B, tem dez gols, atrás apenas de Alan Kardec, 24, com 13.

Julia Chequer - 16.abr.2013/Folhapress
Leandro durante treino do Palmeiras
Leandro durante treino do Palmeiras

O ano, no entanto, não foi apenas de festejos. Leandro vivenciou algumas decepções.

Primeiro na eliminação para o Santos nas quartas de final do Paulista, em abril. Depois na queda para o Atlético-PR nas oitavas de final da Copa do Brasil, em agosto.

Ainda perdeu o momento de maior comemoração: contra o São Caetano, em 26 de outubro, no Pacaembu, jogo que marcou a conquista do acesso à Série A.

"Por tudo que fizemos no ano, ficar fora da partida mais importante me deixou chateado. Fiquei feliz pelo grupo. Estava no Pacaembu, fui ao vestiário antes e depois do jogo e parabenizei a todos", disse Leandro.

O candidato a futuro ídolo da torcida também tem outras ambições. Quer construir uma história vitoriosa no clube. Para alcançar este objetivo, considera que o acesso à primeira divisão foi o primeiro passo. O seguinte é continuar no Palmeiras em 2014, ano que marcará o centésimo aniversário da agremiação.

"Quem não teria vontade de ficar no Palmeiras para o centenário? E o sonho de milhões. Acho que fiz um bom trabalho e estou no caminho certo", disse Leandro, que ainda mira a concretização de mais dois objetivos para fechar a temporada bem.

"Nós queremos o título da Série B e estamos focados neste objetivo", disse. "Depois, nas férias, vou pensar no meu casamento com minha noiva após dois anos juntos."

DEFESA AO TÉCNICO

Leandro teve a experiência de ser treinado por Vanderlei Luxemburgo, um dos técnicos cotados para assumir o Palmeiras em 2014, quando estava no Grêmio.

Apesar de elogiar seu ex-comandante, defendeu a continuidade de Gilson Kleina no Palmeiras. O atual técnico alviverde tem contrato até o final de dezembro e negocia sua permanência com a diretoria.

"Luxemburgo é experiente, já ganhou vários títulos, passou pela seleção brasileira. O Kleina tem muito a aprender, mas o trabalho dele é sensacional. Os jogadores gostam. Não tem o que falar. Pelo que ele fez com nosso grupo, merece continuar."


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