Folha de S. Paulo


Análise: "Cielodependência" da natação brasileira é amenizada

A natação brasileira deixa Barcelona com um saldo positivo: mais nadadores conseguiram frequentar o pódio.

A "Cielodependência" foi amenizada, mas apenas em parte, com a novidade Felipe Lima nos 100 m peito, e com Thiago Pereira nos 200 m e 400 m medley.

Mas nenhum deles é mais um garoto. Dos finalistas em provas masculinas, apenas Leonardo de Deus e Marcelo Chierighini têm menos de 26 anos --ambos com 22.

Os Jogos do Rio acontecem daqui a três anos.

E esse é só um dos sinais de alerta ligados pelo resultado em Barcelona.

Dos 12 finalistas do Mundial, cinco buscaram o pódio em provas de 50 m que não estão no programa olímpico.

Trabalhar para transportar o sucesso dos 50 m para os 100 m tem sido uma das dificuldades dos brasileiros, exposta mais uma vez em Barcelona --apenas os 50 m livre, vencidos por Cesar Cielo, são disputados nos Jogos.

O Brasil que dominou as maratonas aquáticas numa campanha história nesse campeonato (cinco pódios, com um ouro) também não tem nível internacional para nadar as distâncias mais longas nas piscinas.

As provas de 400 m, 800 m e 1.500 m precisam de socorro imediato e talvez não haja mais tempo hábil para conseguirmos algum resultado expressivo em 2016.

E a natação feminina, apesar de ter obtido a melhor colocação da história em Mundiais --Etiene Medeiros, quarta nos 400 m medley ainda depende de brilhos esporádicos para conseguir resultados expressivos.

Há boas nadadoras novatas sendo testadas, mas elas ainda precisam conseguir transportar para as provas internacionais o potencial que têm mostrado quando nadam no Brasil. Falta rodagem e controle emocional para suportar as pressões. E talvez um pouco de "sangue nordestino", como mostrou Etiene.


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