Folha de S. Paulo


Devido ao zika, El Salvador pede que mulheres evitem gravidez até 2018

El Salvador pediu às mulheres do país para evitarem ficar grávidas até 2018. A recomendação, que ocorreu na última quinta (21), é uma maneira de evitar que seus filhos desenvolvam defeitos de nascimento devido ao vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti —também conhecido por levar os vírus da dengue e da chikungunya.

"Gostaríamos de sugerir a todas as mulheres em idade fértil que elas tomem medidas para planejar a sua gravidez e evitá-la entre este ano e o próximo", disse o vice-ministro da Saúde, Eduardo Spinoza.

Ele afirmou que o governo decidiu fazer o anúncio devido ao registro de 5.397 casos do Zika vírus em El Salvador em 2015 e nos primeiros dias deste ano. Dados oficiais mostram que 96 mulheres grávidas podem ter contraído o vírus, mas até agora nenhuma teve bebê com microcefalia.

Especialistas não sabem ao certo por que o vírus, detectado pela primeira vez em 1947 na África, mas desconhecido nas Américas até o ano passado, está se alastrando tão rapidamente no Brasil e em países vizinhos.

Editoria de Arte/Folhapress

ZIKA NO BRASIL
Um novo artigo publicado nesta sexta (22) pelo Centro de Controle de Doenças dos EUA (CDC) fez a avaliação mais completa do conjunto de características da microcefalia causada especificamente pelo vírus zika, baseada em 35 bebês brasileiros.

Os dados mostram que mais de 70% das mães de filhos com microcefalia ligada à infecção pelo zika apresentaram vermelhidão entre o primeiro e segundo trimestre de gestação. Das crianças, 71% apresentam microcefalia severa —perímetro cefálico muito reduzido.

No fim do ano passado, o infectologista Artur Timerman, presidente da recém-criada Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, disse acreditar que as mulheres devem prevenir a gravidez por ora, mesmo aquelas que vivem em regiões sem surtos de zika.

"Ainda não sabemos a real dimensão do problema. Ninguém está sendo testado para zika como rotina. Então, não dá para garantir que as mulheres que vivem em São Paulo, por exemplo, estejam em segurança", disse.

Ele diz ter aconselhado a sua filha, que mora no Rio de Janeiro [onde não há surto de zika], a esperar mais um pouco para engravidar. "E olha que eu estou louco para ser avô de novo", brinca.

O ginecologista Thomas Gollop, especialista em medicina fetal, compartilha a mesma opinião. "O bom senso recomenda prevenir a gravidez. Todo cuidado é pouco. Do contrário, colocaremos gestantes e fetos em risco", afirma.

Apesar de as pesquisas ainda estarem em andamento, evidências significativas no Brasil mostram uma ligação entre as infecções pelo Zika e o aumento de casos de microcefalia, uma desordem neurológica na qual crianças nascem com crânios e cérebros menores.

Infográfico: Entenda a microcefalia


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