Folha de S. Paulo


Brasil avança em tecnologia renovável, diz vice-presidente da Tetra Pak

Em visita ao Brasil, Jason Pelz, vice-presidente mundial de sustentabilidade da Tetra Pak, acredita no potencial do país para propor soluções para os desafios ambientais locais e mundiais.

"É um país empreendedor, de onde se espera mais criatividade e inovação", afirmou em entrevista à Folha.

A multinacional, presente da vida de todos que já tomaram um suco de caixinha, tem um setor para pensar em soluções sustentáveis há mais de 20 anos.

Um dos projetos de vanguarda é de recuperação de nascentes em Extrema (MG), município que abastece uma das plantas industriais da empresa.

"O que nós fazemos é descobrir como usar menos matéria prima, além da reciclar o que produzimos", afirma o americano.

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Folha - No seu ponto de vista, qual o problema ambiental mais urgente que enfrentamos?

Jason Pelz - É a escassez de recursos naturais. Se olharmos para o globo, diferentes partes sentem [essa escassez] mais que outras, mas acho que coletivamente é algo importante.

Acho que é por isso que a Tetra Pak toma certas atitudes, na redução de emissões de carbono e no uso de água ou de energia. O que também fazemos como empresa é descobrir como usar menos matéria prima, além da reciclar o que produzimos.

Como o Brasil se situa em relação aos demais países nesse quesito?

Acho que o Brasil está no meio, não é o mais evoluído nem o pior, mas é preciso ver o que funciona em cada país. Talvez não seja preciso se igualar aos Estados Unidos ou ao Canadá. É preciso encontrar algo que dê certo para sua população.

O Brasil é um país muito empreendedor. A Tetra Pak Brasil desenvolveu tecnologias aqui. Um exemplo e uma espécie de liquidificador de embalagens, que separa o papel, o alumínio e o plástico, deixando o resíduo mais limpo e seco. Isso foi exportado para países como México.

Como é esse cenário de inovação?

Eu diria que é muito bom. Se pensarmos no uso de plástico verde [renovável, produzido à base de etanol] em embalagens, nas tampas de garrafas recicláveis, o Brasil tem avançado em tecnologia renovável.

É um país empreendedor, de onde se espera mais criatividade e inovação.

Quais são as principais ações de meio ambiente da Tetra Pak no mundo?

Nós queremos reduzir as emissões de carbono. Nossa meta é chegar em 2020 crescendo, mas mantendo as emissões no padrão de 2010.

Temos pretensões, não necessariamente uma meta, de continuar aumentando a taxa de reciclagem, que hoje, globalmente, está em volta de 24%.

Outro ponto é desenvolver uma embalagem totalmente renovável, que leve em consideração o uso de madeira de manejo florestal, plástico verde e, potencialmente, alumínio que seja renovável.

Essas são as três principais metas que focamos globalmente e que guiam tudo que fazemos no mercado.

O que a empresa está fazendo para atingir essas metas?

Para as emissões de carbono, estamos trabalhando com equipamentos para usar energia limpa, melhorar a eficiência e lidar melhor com o uso de água. Isso nas emissões da empresa. Estamos vendo também como nossos consumidores podem economizar.

Com a reciclagem, trabalhamos com toda a cadeia de valor, na coleta, separação, empacotamento e reciclagem em si. Observamos que, quando um elo quebra, a cadeia quebra.

Focamos muito a educação, seja com os estudantes seja com o público. Somos uma fonte de informação, então trabalhamos para melhorar toda a cadeia, aprendendo em um lugar e levando essas ideias para outras partes do mundo.

Qual é o maior desafio dessa cadeia de reciclagem?

Depende do lugar. Por exemplo, no Brasil, é a coleta, onde precisamos trabalhar mais. A parte de reciclagem não está resolvida, mas há menos problemas. Não há pílula mágica, existem inúmeras possíveis soluções.


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