Folha de S. Paulo


Alunos fazem protesto por melhoria de merenda pelas ruas de SP

Uma manifestação de estudantes realizada na manhã desta terça-feira (10) fechou vias como as avenidas do Estado, Tiradentes e Cruzeiro do Sul. O ato foi convocado por alunos das Etecs (escolas técnicas do Estado), que reivindicam melhorias no fornecimento de merenda. Também participam estudantes de escolas estaduais.

Não houve registros de violência. O ato começou às 9h em frente ao Parque da Luz, na região central. Por volta das 10h15, eles deixaram o local, passaram pela entrada da sede do Centro Paula Souza, também no centro, e percorreram ruas da região. Às 11h25, os manifestantes fecharam a avenida Tiradentes no sentido norte, ao lado do Batalhão da Rota (grupo de elite de PM).

Uma das preocupações do movimento era evitar passar por pontos em que houvesse registro de atos contra o processo de impeachment. Várias manifestações contrárias ao impeachment fecharam vias em São Paulo e em outros Estados nesta terça.

Em frente à Rota, policiais tentaram fazer um isolamento com cones, mas os estudantes não respeitaram e prosseguiram com a passeata. Por alguns minutos eles chegaram a sentar no asfalto.

O grupo parou em frente ao Instituto Federal de São Paulo, na Avenida Cruzeiro do Sul. "Somos contra todos os cortes da educação, do Estado e do governo federal. Não somos capachos do governo federal", gritaram em coro.

A Cruzeiro do Sul ficou totalmente interditada por mais de uma hora no sentido Santana, até que, por volta das 12h35, o movimento chegou à Etec Parque da Juventude, no Carandiru, zona norte. A passeata foi encerrada no local.

Em resposta aos protestos e ocupações, que começaram no final de abril, o governo Geraldo Alckmin (PSDB) propôs oferecer marmitex a quem estuda nas Etecs em período integral e não recebem alimentação –cerca de 20 mil alunos–, a partir do segundo semestre.

Os estudantes dizem ser contra a proposta do governo tucano de garantir marmitex apenas aos estudantes do ensino integral das Etecs. "A merenda tem de ser de qualidade para todo mundo. O ideal é que fosse comida pra todo mundo, não só para integral", diz André Molinari, 15, da Etec Guaracy Silveira, em Pinheiros.

Alunos de um terço das 219 Etec só recebem a chamada merenda seca, composta de bolachas, bolinhos e bebida láctea.

"Mas a pauta é maior que a merenda, queremos melhoria da educação. O movimento é unificado com os alunos da rede estadual", diz a estudante Carla Kewry, 16, da Etec Raposo Tavares.

O estudante Guilherme Brasil, 20, que participa das ocupações, também insiste que os estudantes não podem ter tratamento diferente. "A gente precisa ter a garantia de alimentação para todo mundo, não concordamos com marmitex só para integral. Enquanto não tem restaurante, precisa ter comida. Isso pode até desunir a gente", diz ele, que é aluno do Instituto Federal.

ESCOLAS OCUPADAS

De acordo com balanço do Centro Paula Souza, divulgado na noite desta segunda (9), há 15 escolas técnicas ocupadas por estudantes secundaristas em São Paulo. A Diretoria Centro-Oeste da rede estadual e duas unidades ligadas à secretaria de Educação também estão ocupadas por alunos.

Na semana passada, a sede administrativa do Paula Souza, que fica na região central, foi desocupada, depois de oito dias –nesta segunda (9), o órgão estimou em R$ 80 mil os prejuízos causados, como portas quebradas e sumiço de 21 notebooks 12 HDs externos, entre outros.


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