Das sete escolas que serão fechadas na zona leste da capital paulista com a reorganização escolar da rede estadual, duas estão localizadas em conjuntos habitacionais: a Cohab Inácio Monteiro 3, em Cidade Tiradentes, e a Presidente Salvador Allende Gossens, em José Bonifácio. Pais e alunos criticam a medida.
A maioria dos paulistanos também desaprova as mudanças na organização das escolas públicas estaduais anunciadas pela gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB), segundo pesquisa Datafolha.
A proposta do governo é ampliar escolas que tenham apenas um ciclo de ensino: unidades só com o primeiro ciclo do fundamental (1º ao 5º anos), só com o segundo (6º ao 9º anos) ou só com o ensino médio.
Infográfico: Mudanças na educação
A Inácio Monteiro atende 574 alunos, do 6º ano do ensino fundamental ao ensino médio. Todos serão transferidos para a Cesar Donato Calabrez, no mesmo bairro. "Acho muito ruim essa mudança. Essa outra escola não tem como receber tanta gente", diz uma aluna da escola, de 15 anos.
Os estudantes temem salas ainda mais lotadas e dizem que a maioria dos alunos mora na Cohab Inácio Monteiro, ao lado da escola. Outra aluna, de 17 anos, diz que, de noite, as salas já têm cerca de 50 estudantes, muito acima do limite previsto pelo governo (40). "Estudo aqui desde a 3ª série, conheço os professores, temos uma história aqui", afirma a adolescente.
Para o professor de educação da USP Ocimar Munhoz Alavarse, ainda que as escolas tenham salas ociosas (com poucos alunos), fechar não é a solução. "Uma coisa é não ter mais aluno no centro, porque realmente a população está envelhecendo, mas, na periferia, você tem uma demanda consolidada. Como vão fechar escolas?", questiona o especialista.
Dentre as escolas que serão fechadas na capital, a Inácio Monteiro e a Salvador Allende estão entre as piores no Idesp, principal indicador do ensino no Estado.
Já na EE Guerra Junqueiro, em Guaianases (zona leste), alunos serão transferidos para uma escola em construção no mesmo terreno da atual, segundo a Secretaria de Estado da Educação. Ao custo de R$ 6 milhões, o novo prédio fica pronto em dezembro, de acordo com a secretaria.
OUTRO LADO
A Diretoria Regional Leste 3, responsável pelas escolas Inácio Monteiro 3 e Salvador Allende Gossens, diz que o fechamento é necessário porque as unidades têm salas ociosas.
A dirigente Maria Helena Tambellini afirma que não haverá superlotação, como temem os estudantes. Segundo ela, os alunos de 1º ao 5º ano do ensino fundamental da escola Cesar Donato Calabrez serão transferidos para a Sérgio Rocha Kiehl.
Com isso, a Cesar poderá receber os estudantes da Inácio Monteiro. "Nós temos 13 salas na Cesar e é uma escola muito mais centralizada que a Inácio." De acordo com ela, nos imóveis dos colégios fechados deverão ser implantadas escolas técnicas.