Folha de S. Paulo


Novo currículo do ensino médio será debatido em SP sob pressão de docente

A intenção do governo Geraldo Alckmin (PSDB) de flexibilização do currículo do ensino médio da rede pública de São Paulo será discutida a partir da semana que vem na Assembleia Legislativa em meio à divisão de educadores sobre sua eficácia e sob pressão do sindicato dos professores –que se opõe à ideia.

O projeto encaminhado em regime de urgência à Casa prevê que os alunos possam escolher parte das disciplinas nas escolas estaduais durante essa etapa do ensino.

Ele deve seguir para discussão em três comissões já na segunda (10) –e, seguindo os ritos legislativos, chegará ao plenário até outubro.

A Secretaria da Educação afirma que a implantação do novo modelo será gradual –inicialmente, deve abarcar apenas algumas escolas.

Ela não revela detalhes –só diz que a maneira como será feita a mudança ainda será formatada e submetida a uma "ampla discussão".

O documento enviado por Alckmin à Assembleia diz que a ideia é ampliar "a margem de escolha" dos alunos –a ideia inicial era que houvesse disciplinas obrigatórias tradicionais, mas que, especialmente na reta final do ensino médio, eles pudessem optar por outras específicas.

Para virar lei, a proposta precisa ser aprovada por maioria simples na Assembleia e ser sancionada pelo governador Geraldo Alckmin.

Entre os que concordam com esse conceito curricular, a diretora executiva da ONG Todos Pela Educação, Priscila Cruz, afirma que "em qualquer sistema de ensino médio do mundo você pode ter trilhas diferenciadas, ou por áreas diferentes ou escolhendo disciplinas optativas".

"Mas você não encontra esse modelo unificado, em que todo mundo faz exatamente as mesmas 13 disciplinas."

Ela exemplifica. "O aluno que quer seguir engenharia tem que ter uma matemática mais avançada do que outro aluno que quer fazer direito."

Entre os críticos da proposta está a presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Noronha, que comandou neste ano uma greve de quase três meses, a maior da história, e promete se mobilizar contra a ideia.

"Vai criar um problema porque no próprio Estado nós vamos ter diferenças de formação", afirma a sindicalista, que também teme que haja diferença grande em relação ao modelo que prevalece no restante do país. "Um aluno que estuda aqui em São Paulo não vai conseguir continuar os estudos em Minas."

A Secretaria da Educação diz que houve contribuições de mais de 70 entidades e que "não é possível rebater críticas e projeções de problemas sobre um projeto que está em fase de elaboração".

Afirma ainda que a flexibilização foi incluída como meta após a constatação, "partilhada pelos principais educadores do país e do mundo", de que o modelo atual é distanciado da realidade do jovem e compromete os projetos pedagógicos.

-

ENSINO MÉDIO - NÚMEROS DO ESTADO DE SP

3,6 mil
escolas estaduais paulistas

1,9 milhão
alunos no ensino médio em SP

84%
dos alunos do ensino médio estão em escolas estaduais

505,6 pontos
é a média da rede estadual paulista no Enem; 12 pontos abaixo da média nacional

Fonte: Inep


Endereço da página:

Links no texto: