Folha de S. Paulo


Mãe aguarda vaga em creche para filha há quase um ano em São Paulo

Na próxima semana Lívia completa dois anos. E, em abril, deve 'comemorar' outra data: um ano de espera na fila por uma vaga em uma creche pública.

A mãe da menina, Amanda Ribeiro Silva, 27, conta que quando se inscreveu na lista da prefeitura, em 16 de abril do ano passado, estava em 154º lugar. No início deste ano, ao consultar a fila pela internet, comemorou ao ver que estava na sétima colocação para conseguir uma vaga. "Chamaram muita criança de repente e achei que seríamos chamados em poucos meses, mas nada até agora", diz Amanda, que está sem trabalhar para cuidar da filha.

Após comemorar o sétimo lugar na fila, Amanda voltou a consultar a lista e agora está na 12ª posição. "Não acreditei e, ao questionar na creche, fui informada que crianças de famílias que recebem o Bolsa Família
passam na frente assim como aquelas que moram em áreas de risco", comenta. "Sei da situação delas, mas eu também preciso trabalhar", relata.

A prefeitura diz que essa informação é incorreta e que, por regra, duas de cada dez crianças chamadas devem estar em situação de extrema pobreza.

A fila pode ser alterada apenas por decisão judicial ou se uma criança que já estava na frente muda para a região.

Amanda diz que o orçamento da casa está ficando apertado e que ela precisa voltar ao mercado de trabalho. "Infelizmente não tenho com quem deixá-la", diz.

A dona de casa chegou a ir visitar escolinhas particulares, mas ficou assustada com os preços das mensalidades e as taxas extras que são cobradas. "Ou leva fruta e comida ou cobram à parte. Cobram curso de férias.

Tem aquelas que pedem para levar fralda, material de higiene e ainda cobram mensalidade de R$ 800 por poucas horas. É muito caro", comenta.

Após visitar as escolas particulares, Amanda diz que notou que a qualidade das públicas muitas vezes supera as da rede privada e que muitos pais, mesmo com condições financeiras, têm optado em matricular seus filhos em escolas públicas.

Amanda comenta que pretende procurar a Defensoria Pública para que consiga agilizar uma vaga para Lívia.

Moacyr Lopes Junior/Folhapress
Amanda, 27, que diz esperar há quase um ano por uma vaga na creche para a filha, Lívia, em Interlagos
Amanda, 27, que diz esperar há quase um ano por uma vaga na creche para a filha, Lívia, em Interlagos

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