Folha de S. Paulo


Mercado global desafia gestor de recursos humanos

O avanço tecnológico pode até reinventar a roda no que diz respeito ao produto e à dinâmica de trabalho, mas são as pessoas que continuam criando patentes. É por isso que a equipe de recursos humanos é indispensável.

"Todas as empresas de referência em inovação são centradas em pessoas", afirma a pesquisadora Marisa Eboli, do Progep (Programa de Estudos em Gestão de Pessoas), ligado à FIA (Fundação Instituto de Administração).

Robert Wong, eleito pela revista britânica "The Economist" um dos 200 melhores headhunters (especialistas em contratar executivos de alto escalão) do mundo, concorda. Para ele, não adianta uma empresa ter "a melhor estratégia do mundo" se não possui quadros qualificados.

É aí que entram o bom recrutador e o bom gestor de recursos humanos, para coordenar o time. "É melhor ter craques primeiro e elaborar a estratégia em torno disso. Em geral, as empresas já os têm, e nós ajudamos a garimpar", diz Wong.

Paula Giolito/Folhapress
Talita Kemmer, 30, coordenadora de RH da L'Oréal no Rio
Talita Kemmer, 30, coordenadora de RH da L'Oréal no Rio

Marisa conta que, hoje, o profissional de recursos humanos não é mais alguém que apenas conhece a legislação trabalhista, mas quem entende essencialmente de negócios e, sobretudo, "de gente". "Essa sensibilidade tende a ser maior se tiver uma formação na área de humanas, mas não só. Há excelentes profissionais que vêm da engenharia", comenta.

ADAPTAÇÃO

Com a globalização, surgem oportunidades de trabalho internacionais no departamento pessoal tanto em multinacionais que vêm para o Brasil quanto em empresas nacionais que começam a operar no exterior.

Talita Kemmer, 30, cursou psicologia e escolheu a área de recursos humanos com um objetivo claro: trabalhar em outro país. Saindo da graduação, inscreveu-se em um mestrado na França e, meses depois, foi contratada pela sede da L'Oréal, em Paris.

Editoria de Arte/Folhapress

"A maneira de falar no trabalho é muito diferente. Tive de entrar a fundo nessas nuances de linguagem", diz.

A vivência no exterior fez com que Talita aprendesse a se adaptar e a superar desafios mesmo fora de sua zona de conforto ("uma das experiências mais fortes foi ter uma gestora chinesa"), valores que trouxe para o Brasil.

Ela voltou há pouco mais de um ano e hoje é coordenadora de RH da filial da empresa no Rio de Janeiro. No comando do programa de estágio internacional da marca, ela busca nos candidatos três características fundamentais: curiosidade, flexibilidade e abertura para o novo.

"Nem tudo é glamour no exterior. Você fica sozinho e precisa se acostumar com aquela comida diferente, aquele queijo meio fedido que você não comeria. No mercado, é a mesma coisa: o profissional tem que saber experimentar", recomenda.

CONSULTORIA

As dúvidas sobre a escolha da carreira não terminam com o vestibular. Na graduação, a orientação profissional continua sendo importante.

"Depois que o jovem escolhe administração, por exemplo, descobre que um administrador pode fazer inúmeras coisas. O grande dilema é saber onde se encaixar", afirma Maria Ester Pires, gerente do Núcleo de Carreiras do Insper, em São Paulo.

Para ajudar o estudante a traçar a sua trajetória no mercado, o departamento promove feiras de recrutamento, encontros com consultorias de RH e palestras com profissionais, entre outras ações.

SEU OBJETIVO É...
Montar e estimular equipes capazes de cumprir estratégias de negócios das empresas, que cada vez mais buscam inovação

GRADUAÇÕES RELACIONADAS
- Administração
- Psicologia
- Economia
- Direito
- Gestão de recursos humanos (tecnológico)


Endereço da página: