Folha de S. Paulo


Unicamp oferece 21% de abono para acabar com greve de servidores

Repetindo negociação adotada com os professores, a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) ofereceu 21% de abono sobre o salário de julho aos servidores técnico-administrativos nesta quarta-feira (6) para tentar acabar com a greve, que já dura mais de dois meses.

Segundo a reitoria, o valor abrange funcionários ativos e aposentados e será pago sete dias após a retomada dos trabalhos, caso a proposta seja aceita.

Além do abono, informou em nota ter oferecido "a retomada do projeto de isonomia salarial com a USP, com a concessão imediata de uma referência nos pisos dos três segmentos" –outra reivindicação dos trabalhadores.

O STU (Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp) convocou assembleia para as 13h desta quinta (7) para votar a oferta. Dividido, o comando de greve não obteve consenso para encaminhar uma posição aos servidores.

Ontem, a reitoria conseguiu aprovar, em reunião do conselho universitário, proposta para reduzir a jornada de trabalho de profissionais da saúde para 30 horas semanais –mais uma bandeira do sindicato.

Apesar disso, dirigentes sindicais são contra o fim da paralisação.

"A questão do abono é pontual. Não tem garantia que haverá reajuste em setembro", diz Diego Machado de Assis, diretor do STU. "A proposta não avança na questão mais importante, que é o reajuste salarial."

Na sexta passada (1º), os professores da Unicamp aceitaram a mesma proposta da reitoria e decidiram suspender a greve até a próxima reunião do Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo), marcada para 3 de setembro.

"Suspender a greve implica em dificuldades para retorná-la depois", pondera Machado de Assis. "Essa não é a melhor estratégia a se tomar. Precisamos continuar o movimento e lutar pelo reajuste."

Trabalhadores de USP, Unesp e Unicamp estão há mais de dois meses em greve devido à proposta do Cruesp de não conceder reajuste salarial neste ano. Eles pedem 9,78% de aumento.

O conselho afirma que as três universidades estaduais paulistas "estão enfrentando níveis de comprometimento do orçamento com a folha de pagamento que ultrapassam 90%, nível acima do recomendado para uma gestão responsável".

VOLTA ÀS AULAS

A suspensão da greve dos professores enfraqueceu o movimento grevista em Campinas (a 93 km de SP), já que as aulas do primeiro semestre foram retomadas na segunda (4) –e a previsão é que sejam repostas até o fim do mês.

Na semana passada, a universidade decidiu adiar o início do segundo semestre, previsto para segunda, porque cerca de 25% das notas e frequências dos alunos não haviam sido inseridas no sistema. Agora, o próximo semestre letivo deve começar em 1º de setembro.

IMPORTÂNCIA

A Unicamp tem atualmente 1.739 professores, 7.878 servidores e 41 mil alunos (18.026 na graduação e 22.824 na pós-graduação) e é a segunda universidade brasileira mais bem colocada nos principais rankings internacionais.

No THE (Times Higher Education), aparece entre a 301ª e a 350ª posição geral e em 37ª entre as universidades "jovens" (com menos de 50 anos) -a única de toda a América Latina. No QS (Quacquarelli Symonds), é a 3ª da América Latina -a USP é 2ª- e a 9ª entre as universidades dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) -a USP é a 7ª.


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