Uma das mudanças curriculares mais incisivas no ensino superior brasileiro será implementada em 2014 pelo Instituto Singularidades (SP), uma das faculdades consideradas de vanguarda na formação de professores que atuam no ensino básico.
O novo currículo da faculdade prevê que apenas 30% da carga horária seja composta de aulas tradicionais, com exposição dos professores.
Faculdades privadas modernizam aulas com método dos EUA
Os demais 70% da grade curricular serão cobertos com atividades interativas dos alunos, como a metodologia "peer instruction".
Os estudantes poderão acessar o conteúdo de preparação prévia às aulas por meio de celulares, tablets ou no computador.
"Queremos que nossos professores apliquem essas metodologias quando estiverem nas escolas", afirmou Ana Maria Diniz, diretora da entidade que mantém o Singularidades.
Desde 2010, o braço social da família Abilio Diniz é o dono da faculdade.
No ano que vem, os cerca de 200 novos alunos estudarão com o novo currículo.
"Uma grande reclamação das escolas é que os cursos de formação de professores são muito teóricos.
Tentamos fazer o nosso o mais prático possível", disse Cristina Barelli, coordenadora pedagógica do Singularidades.
DIFICULDADES
"É uma proposta ousada, que pode fazer a diferença e induzir outros cursos de pedagogia e de licenciatura", afirmou Sylvia Gouvêa, membro do Conselho Estadual da Educação e integrante do conselho que acompanha a mudança no Singularidades.
"Mas não sabemos como alunos e professores vão receber isso. Também há dificuldades de se encontrar docentes preparados para ensinar nesse novo formato".
Outro problema que as faculdades privadas enfrentam, afirma o consultor em ensino superior e ex-reitor da USP Roberto Lobo, é que boa parte dos seus alunos concilia trabalho com os estudos.
"Em Harvard, o aluno se dedica integralmente ao curso, pode fazer uma boa preparação prévia à aula. Aqui, ele tem pouco tempo disponível", afirmou.