Folha de S. Paulo


Unicamp planeja mais bônus a estudantes da rede pública

A Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) deve apresentar em breve uma proposta para aumentar os bônus atualmente concedidos no vestibular a egressos de escolas públicas.

O programa de ação afirmativa da universidade concede desde 2004 um total de 30 pontos de bônus na segunda fase do vestibular (são duas) aos candidatos que cursaram os ensinos fundamental e médio na rede pública.

Os que se autodeclararam pretos, pardos e indígenas ganham dez pontos a mais.

Esses 40 pontos equivalem a cerca de 6% da nota média obtida por um estudante aprovado para medicina ou 7% em engenharia. Conforme a Folha apurou, a ideia é que a pontuação chegue a cerca de 10% da nota.

A ideia, de acordo o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, é incluir o bônus já na primeira fase do vestibular.

Para calcular o aumento dos pontos extras estão sendo feitas projeções com base nos vestibulares anteriores.

As propostas ainda serão discutidas no Conselho Universitário e precisam ser aprovadas pelo grupo para serem implementadas.

"As simulações estão em bom nível. Se houver consenso, a ideia é que [o novo bônus] seja aplicado no próximo vestibular", diz Jorge.

O aumento da bonificação, diz o reitor, está sendo feita com cautela para que o desempenho de quem entra na universidade via ação afirmativa não seja muito inferior em relação aos demais.

"As simulações apontam que podemos aumentar a pontuação de maneira significativa sem perder qualidade. A pergunta agora é até que ponto podemos aumentar essa pontuação?"

A estudante de ciências sociais Juliana Portes Thiago, 40, que entrou na Unicamp em 2007 via ação afirmativa, gostou da novidade sobre o possível aumento do bônus.

De acordo com ela, muitos estudantes de escolas públicas "nem tentam" ingressar em universidade públicas porque acreditam que não vão passar. "Fiquei 13 anos parada depois do ensino médio. Fui motivada a voltar por causa da ação afirmativa."

Em estudo recente, a Unicamp mostrou que os alunos ingressantes via ação afirmativa tiveram desempenho igual ou melhor dos egressos de escolas particulares.

O estudo avaliou as notas dos estudantes em sete áreas do conhecimento. Em três delas -engenharias, medicina e humanas-, as notas daqueles que entraram via ação afirmativa foram superiores às dos demais ingressantes.

Questionado sobre a proposta do governo de São Paulo, que pretende aumentar a quantidade de egressos de escolas públicas nas universidades estaduais paulistas via Pimesp (Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista), o reitor da Unicamp disse que é "a favor da inclusão".

"Não somos contra termos 50% de alunos vindos de escolas públicas. Mas não queremos perder a qualidade."

Em abril, a USP também anunciou que deve aumentar o bônus a egressos de escolas públicas no vestibular.


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