Folha de S. Paulo


Exportações, estagnadas, crescem só 4,8% em 10 anos em Ribeirão Preto

Se os setores de comércio e serviços se desenvolveram nos últimos anos, o mesmo não se pode dizer das exportações de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), estagnadas nos últimos dez anos em comparação com outras cidades da região.

Ribeirão Preto ficou atrás de outros municípios que souberam atrair indústrias ou se firmar como polos de logística para o agronegócio.

Enquanto as exportações da região cresceram 137% desde 2004, Ribeirão só avançou 4,8% nas vendas para outros países nesse mesmo período. Em 2013, chegou a registrar redução de 2%.

No ano passado, Ribeirão exportou US$ 177 milhões, o equivalente a 3,7% de tudo que foi exportado pelas dez maiores cidades da região.

Editoria de arte/Folhapress

"A gente não tem de se acomodar com esse perfil, e sim criar outras oportunidades", disse o diretor do departamento de relações internacionais da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Júlio Sonsini.

Ele afirmou que outras cidades, como São Carlos (232 km de São Paulo), Matão (305 km de São Paulo) e Sertãozinho (333 km de São Paulo), conseguiram atrair mais indústrias, o que contribuiu para aumentar as exportações.

Segundo ele, o nível salarial acaba "afugentando" indústrias de Ribeirão, que buscam mão de obra barata.

A Acirp tem promovido cursos para empresários sobre o comércio exterior e trazido representantes comerciais de outros países a Ribeirão, como forma de abrir o mercado para as empresas.

O bom momento vivido pelo preço internacional das commodities também explica a diferença no ritmo de crescimento das exportações, segundo o ex-gerente regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) Eduardo Molina.

Araraquara (273 km de São Paulo), maior exportador da região, se tornou um polo logístico para a exportação de soja com a ferrovia que traz o grão do Centro-Oeste e o leva para o porto de Santos.

"Em Ribeirão você tem um retrato do que aconteceu no Brasil, com a indústria de transformação com desempenho ruim, e as commodities segurando as exportações", disse Molina.

Os principais produtos exportados por Ribeirão são aparelhos médicos e ondotológicos e sementes para o agronegócio.

O professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP, Luciano Nakabashi, disse que o nível de exportações não está ligado, necessariamente, ao desenvolvimento econômico. Para ele, Ribeirão tem uma economia dinâmica, por ter se tornado polo de serviços e comércio.


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