Folha de S. Paulo


Estrangeiro teme contaminação por dengue na Copa do Mundo

O grande número de casos de dengue que o Brasil acumula nos últimos anos causa preocupação aos estrangeiros que pretendem visitar o país durante a Copa do Mundo, a partir de junho.
Em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), que abrigará a seleção francesa, a situação é epidêmica nos últimos anos, com 67.057 casos entre 2010 e o ano passado, segundo a prefeitura.

Um artigo publicado pela Universidade de Oxford no dia 31 de março aponta que a dengue é o que mais causa internações em turistas que voltam doentes do Brasil.

A pesquisa analisou 1.586 viajantes que voltaram enfermos de viagens ao país entre julho de 1997 e maio de 2013.

Destes, a dengue era a causa mais comum para os 297 turistas que estavam com febre. A doença foi identificada em 92 pessoas.

Edson Silva - 21.mai.2013/Folhapress
Agente do Controle de Vetores faz nebulização no bairro Presidente Dutra, em Ribeirão Preto
Agente do Controle de Vetores faz nebulização no bairro Presidente Dutra, em Ribeirão Preto

Além disso, a dengue também foi uma das doenças que mais causaram a internação dos turistas. O estudo afirma que o risco da doença está em todas as áreas do país.

"A dengue pode afetar os visitantes durante a Copa do Mundo", afirmou uma das autoras da pesquisa, a professora de saúde pública da universidade de Harvard, Mary Elizabeth Wilson.

A professora disse, no entanto, que felizmente a Copa será no inverno, período em que tradicionalmente há queda no número de casos.

"Mas a transmissão pode acontecer durante todo o ano e, em nossa pesquisa, encontramos registros de turistas que foram infectados nos meses de junho e julho", afirmou a pesquisadora.

O sanitarista Simon Hay, especialistas em dengue, publicou artigo na revista científica britânica "Nature" dizendo que o Brasil pode se tornar foco global de transmissão da doença neste ano.

No texto "Febre do futebol pode virar uma dose de dengue", o cientista da Universidade de Oxford afirma que três cidades-sede da Copa –Salvador, Fortaleza e Natal– vão passar pelo pico da temporada de transmissão da doença durante o torneio.

O cientista sugere que haja reforço em ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

Nos dois primeiros meses do ano, o país teve queda de 80% nos casos em relação a 2013: 87 mil, ante os 427,7 mil do ano passado.

Para especialistas, a falta de chuvas contribuiu, pois o mosquito se reproduz em água parada.


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