A seca no Nordeste –uma das piores dos últimos 60 anos– afetou a produção de mandioca e elevou os preços ao consumidor, favorecendo os produtores do Estado de São Paulo.
Segundo o IBGE, o aumento no preço dos tubérculos (que inclui a mandioca) foi de 17% no ano de 2013 na região metropolitana de São Paulo. Um pacote com 600 gramas custa, em média, R$ 4,50.
No período, a prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 5,86%. A inflação de 2013 deve ser divulgada na próxima sexta-feira (10).
No Nordeste, onde a mandioca é um dos alimentos mais consumidos, o aumento no preço favoreceu a alta da inflação para 4,27% de janeiro a agosto, acima do IPCA no período, de 3,43%.
Para o produtor paulista, o preço da mandioca subiu 73,3% no ano. Em janeiro de 2013, a tonelada da raiz era cotada a R$ 283,35. Neste começo de 2014, a tonelada chegou a R$ 491,09, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
"Esta alta [do preço] é muito expressiva e pode se dizer que é a maior da história", disse o pesquisador do Cepea Fábio Isaías Felipe. Para ele, a alta tende a aumentar a produção de mandioca no interior de São Paulo. "Tivemos muitas sondagens de produtores rurais nesse sentido", afirmou.
De acordo com o IBGE, em 2013, a produção nacional da mandioca deve cair 11,3%, de 23,42 milhões de toneladas para 20,77 milhões de toneladas.
Só o Nordeste produziu 7 milhões de toneladas em 2012. Na região de Ribeirão Preto, a produção foi de 18,7 mil toneladas de mandioca em 2012, de acordo com o IEA (Instituto Econômico Agrícola).
Ainda segundo o IEA, o Estado de São Paulo plantou 37 mil hectares de mandioca em 2012. A região de Ribeirão cultivou 1,14 mil hectares.
De acordo com o pesquisador, a crise em setores dominantes do agronegócio na região, como o da cana-de-açúcar e laranja, é outro fator que deve impulsionar o produtor local a buscar a mandioca como uma alternativa para aumentar o lucro.
"O pacote tecnológico destas lavouras é bastante parecido, o que facilita para os produtores", diz o pesquisador.