Folha de S. Paulo


Após morte de jovem, Barrinha (SP) vive segundo dia de protestos

A morte de um soldador em Barrinha (337 km de São Paulo) fez a cidade viver nesta terça-feira (10) o segundo dia de protestos que resultaram em depredação e incêndio de novos prédios públicos.

A revolta de moradores assustou a população, o comércio fechou suas portas mais cedo, às 14h, e a maior parte dos alunos não foi às aulas. Seis pessoas foram detidas suspeitas de portarem bombas de fabricação caseira.

Por causa dos atos de vandalismo, o atendimento à população foi interrompido em algumas repartições, como na clínica odontológica da cidade.

A origem da revolta foi o assassinato do soldador Thiago Antônio da Silva, 26, que levou um tiro na cabeça nesta segunda-feira (9) em uma área rural da cidade. Para a polícia, o então comandante da Guarda Civil Municipal, William Américo Campanini, 28, é suspeito de ter cometido o crime.

Demitido nesta terça do cargo pela prefeitura, ele ainda não havia se apresentado à Polícia Civil até o início da noite. Nesta terça, quando a reportagem esteve na cidade, não localizou nenhum outro guarda civil para verificar se Campinini foi ou não o autor dos disparos.

A reportagem também tentou falar com Campanini nesta terça-feira, mas não conseguiu.

Revoltados com a forma como o crime aconteceu, ao menos 15 pessoas invadiram e danificaram nesta segunda as sedes da Guarda Municipal, do Conselho Tutelar, a prefeitura, o centro odontológico, a garagem de ônibus, o Banco do Povo e a biblioteca municipal.

Eles questionaram o prefeito Mitsuo Takahashi (PT) sobre o fato de os guardas civis andam armados apesar de a cidade ter 30.506 habitantes --por lei, isso pode ocorrer apenas em municípios cuja população ultrapasse a marca de 50 mil.

Nesta terça, o centro de reabilitação mental e a junta militar também foram alvos de vandalismo antes do início de uma manifestação que reuniu cerca de 30 pessoas.

Os prédios públicos tiveram vidros estourados, computadores quebrados e aparelhos eletroeletrônicos danificados. As fichas dos pacientes da clínica odontológica foram queimadas, assim como uma moto da guarda.

Os seis detidos também portavam rojões. Eles prestaram depoimento na delegacia e foram liberados à tarde.

PREJUÍZOS

Por causa das depredações, os prédios públicos ficaram impossibilitados de atender a população. Os locais atingidos passaram por perícia e funcionários fizeram orçamentos para reformas necessárias --a recolocação de vidros de três prédios um deles foi orçada em R$ 5.500.

Os poucos pais que levaram os filhos às escolas buscaram os estudantes mais cedo com medo de mais vandalismo. Na escola municipal Ibraim Saleh, no Jardim Paulista, apenas 30% dos 300 alunos foram às aulas nesta terça.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com a Secretaria do Governo, Campanini ocupava cargo comissionado e não era funcionário público de carreira. A prefeitura vai abrir uma sindicância para apurar o caso.

Por causa da confusão, desde de anteontem a Polícia Militar chamou reforços de outras cidades --da PM de Sertãozinho e de Ribeirão. Ao todo, 70 homens estiverem na cidade para garantir a segurança da população. Normalmente, o município tem 20 policiais.


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