Folha de S. Paulo


Adolescente infrator dorme em colchão no chão na Fundação Casa

Com excesso de adolescentes infratores permitido pela Justiça, internos da Fundação Casa (antiga Febem) estão sendo acomodados em colchões no chão de algumas unidades do interior.

A situação ocorre em Franca (400 km de São Paulo), Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) e em outras unidades, segundo a Pastoral do Menor e a Defensoria Pública do Estado.

Uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), do ano passado, permite que a Fundação Casa mantenha até 15% a mais de adolescentes do que a capacidade.

Como os prédios não foram construídos prevendo a lotação e as camas originais são fixas --de cimento--, colchões são colocados no chão.

Em Franca, por exemplo, as vagas de internação passaram de 56 para 64 e as de internação provisória de 16 para 20, segundo o coordenador da Pastoral do Menor no Estado, padre Ovídio José Alves de Andrade. A entidade administra conjuntamente com ao Estado a unidade em Franca.

"O prédio foi construído para 56 meninos. [Para] Esses extras que chegam são colocados colchão no chão", disse. Segundo ele, a situação se repete em Jundiaí.

O mesmo ocorre em Ribeirão, segundo o defensor público Victor Hugo Albernaz.

Mas a própria Defensoria estadual admite ter conhecimento de que a prática se estende por outras unidades do interior, diz Leila Sponton, coordenadora auxiliar da Infância e Juventude do órgão.

O diretor regional da Fundação Casa, Guilherme Astolfi Caetano Nico, disse que adaptações foram feitas para acomodar os 15% extras "sem que os garotos fiquem em situação vexatória".

Ele diz que as bancadas de cimento nos quartos, que servem como escrivaninha, são usadas como camas alternativas para esses jovens.


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