Folha de S. Paulo


Crise de renda reduz nº de propriedades produtoras de laranja em SP

A crise de renda que assombra a citricultura paulista nos últimos anos levou 2.225 propriedades produtoras a abandonarem o segmento no Estado entre 2011 e 2012, conforme dados da CDA (Coordenadoria de Defesa Agropecuária) destacados pelo Cepea, da Esalq (Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz").

Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a maior parte das propriedades que deixaram seus pomares para trás passaram a cultivar cana-de-açúcar.

"O arrendamento para usinas diminuiu o números de funcionários fixos nas propriedades e também a compra de insumos locais. Assim, os municípios acabam tendo perda significativa da geração de empregos e renda especialmente onde não há usinas", afirma o Cepea em comunicado divulgado nesta quarta-feira (29).

Basicamente, os efeitos conjunturais que provocaram a crise estão vinculados ao excesso de oferta de suco de laranja. Do lado estrutural, a concentração da produção, representado tanto pela expansão dos pomares das indústrias quanto de grandes grupos também colaborou para o cenário.

A CRISE

Por questões de produtividade, altos estoques e a crise econômica mundial, de 2011 até hoje o setor enfrenta seu pior momento.

O Estado de São Paulo, maior produtor do mundo, arcou com as consequências de duas supersafras (2011-12 e 2012-13), que fizeram muitos agricultores perderem suas frutas.

A indústria, em contrapartida, não conseguiu comprar toda a produção, porque já tinha alto estoque de polpa em suas fábricas.

Juntou-se a isso a queda de consumo do suco no mundo por causa da crise econômica na Europa e da entrada de novas bebidas --o que fez com que a indústria não conseguisse vender além dos estoques.

Para encontrar soluções para o problema dos produtores, a Câmara Setorial da Citricultura trabalha com o governo federal para colocar suco de laranja 100% natural no mercado brasileiro, como acontece nos EUA e na Europa.

"Se viabilizarmos o suco reconstituído no mercado brasileiro, vamos ter mais sustentabilidade", diz Marco Antônio dos Santos, do Sindicato Rural de Taquaritinga.

Especialistas dizem que a situação deve melhorar na próxima safra (2013-14), porque ela será menor. Com isso, dizem eles, os preços dos cítricos devem subir.


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