Folha de S. Paulo


Corregedoria investiga ação da PM que deixou refém e ladrão mortos em GO

Policiais adulteram cena do crime

A Corregedoria da Polícia Militar de Goiás instaurou um inquérito para investigar a conduta de quatro policiais durante uma perseguição que deixou ladrão e vítima mortos, em Senador Canedo, região metropolitana de Goiânia. A cena do crime foi adulterada, segundo a Polícia Civil.

No interior do carro, estavam o auxiliar de produção Tiago Ribeiro Messias, 31, e o adolescente infrator, que morreram no local. Imagens de câmeras de sistemas de vigilância mostram um dos policiais entrando no carro e disparando seis tiros no para-brisa, de dentro para fora, na principal avenida da cidade, no último sábado (25). No vidro do carro havia ao menos 18 marcas de tiros.

O delegado Matheus Noleto, titular do GIH (Grupo de Investigações de Homicídios) de Senador Canedo, disse, com base nas imagens, que não descarta a prática de fraude processual dos policiais envolvidos na ação. "A questão é verificar se houve de fato o confronto, e se os policiais militares agiram por legítima defesa", falou o delegado.

Reprodução/TvFolha
Imagem mostra que cena de crime que terminou com dois mortos foi adulterada por PMs
Imagem mostra que cena de crime que terminou com dois mortos foi adulterada por PMs

Os quatro policiais foram afastados das ruas e só podem fazer trabalhos administrativos até o fim das investigações. Nesta terça (28), o comandante geral da Polícia Militar, o coronel Divino Alves, criticou a ação dos policiais e disse em entrevista à TV Globo que o policial errou e "não há dúvida alguma em relação a isso".

O coronel confirmou a instauração de um inquérito policial militar e ressaltou que o fato será apurado de "maneira rígida".

O secretário da SSPAP (Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária), Ricardo Balestreri, falou que o episódio envolvendo a morte de um refém e de um suspeito aconteceu "à revelia do que é a nossa orientação e o nosso processo formativo junto às forças policiais".

Balestreri disse que "a vida de um inocente é insubstituível" e que a conduta dos policiais foi "fora dos processos operacionais padrão da corporação".


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