Folha de S. Paulo


Elza Nogueira de Sá (1940-2017)

Mortes: Os olhos verdes que enxergaram longe

Leonina com ascendente em Leão, Elza sempre foi a estrela da casa. Muito bonita e vaidosa, creditava seu charme aos olhos, intensamente verdes.

Casou-se muito jovem. Aos 22 já tinha três meninas, uma "escadinha". O marido, médico, sustentava a prole com conforto, então ela pôde se dedicar ao que faziam as esposas dos anos 1960: cuidar das filhas.

Fez questão de encontrar para a família uma casa grande onde recebia os amigos e, aos sábados, ao menos metade da escola das filhas se esbaldava na piscina. Participava da farra como se tivesse a mesma idade das crianças.

Habilidosa, preparava fantasias e decorava festas em casa com criatividade. Era capaz de fazer qualquer peça de artesanato e aprendia receitas complicadas na cozinha só pelo prazer do desafio.

Mas enquanto as filhas cresciam, Elza elaborou dois mantras que viraram sua marca. O primeiro, "Meninas, produzir!", não deixava ninguém quieto –nem nas férias. Se fosse leitura, tanto melhor!

O segundo somava ao primeiro um toque feminista que orientou a vida das filhas, de sobrinhas e amigas da família: "Para saber mandar, tem que saber fazer!". Estimulava o aprendizado dentro e fora de casa e insistia que toda mulher deve ter formação e renda se quiser ser dona do nariz.

Morreu aos 77, por complicações pulmonares no sábado (18). Deixa as três filhas, três netos, o genro e amigos achando o mundo menos divertido. Os belos olhos verdes foram doados para ajudar a diminuir a fila de 3.800 pessoas que, só no Estado de SP, aguardam um transplante de córnea.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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