Folha de S. Paulo


Cinco jovens são atropelados por motorista bêbado na rua Augusta

Edu Silva/Futura Press/Folhapress
Carro do estudante de engenharia Paulo César Negri, 22, que havia bebido

Cinco jovens foram atropelados na rua Augusta (região central de São Paulo) na madrugada deste sábado (29) por um estudante de engenharia que havia bebido. Uma das vítimas corre o risco de perder o braço, segundo a família.

O promotor de eventos e estudante de engenharia Paulo César Negri, 22, que conduzia o carro, foi preso em flagrante, mas acabou liberado após pagar fiança no valor de R$ 5.000.

O acidente ocorreu no cruzamento das ruas Augusta e Matias Aires, por volta das 5h40. Moradores da região acionaram os bombeiros.

Segundo a Polícia Civil, quatro testemunhas relataram em depoimento que um carro vermelho fechou o veículo de Negri, um Peugeot, quando ele passava pela rua Augusta. O carro, então, saiu da pista e avançou sobre cinco jovens que terminavam de atravessar a via –parte deles já estava sobre a calçada.

A pancada foi tão forte que um poste de sinalização foi derrubado. O vidro e a frente do carro ficaram danificados.

Imagens de câmeras de segurança mostram o veículo passando em alta velocidade pela rua e perdendo o controle. Na filmagem, não é possível ver se o carro foi fechado por outro.

Negri ficou no local e prestou socorro às vítimas. Ele também fez o teste do bafômetro, que apontou 0,78 miligrama de álcool por litro de ar expelido, mais do que o dobro permitido para não ser considerado crime (0,3mg/L).

As vítimas foram encaminhadas para hospitais da região. A polícia não divulgou o estado de saúde delas. Segundo familiares, um dos jovens atropelados está em estado grave.

Negri responderá, em liberdade, por lesão corporal culposa (quando não há intenção) e embriaguez ao volante. Os policiais ainda tentam identificar todas as vítimas e buscam outras imagens de câmeras de segurança.

Em junho, outro atropelamento aconteceu na região. O motorista de um veículo avançou contra um grupo de skatistas que descia a rua Augusta e atropelou ao menos três jovens. Na ocasião, nenhuma das vítimas se feriu gravemente.

VÍTIMAS

Uma das vítimas neste sábado foi o jovem Gabriel Leite de Souza, 25, que está em estado mais grave. Ele foi com amigos a uma balada na rua Augusta para comemorar a conclusão da faculdade de Sistemas de Informação.

Segundo a família, que é de Taboão da Serra (Grande SP), o analista recém-formado e outros quatro amigos haviam saído da casa noturna e seguiam para o ponto de ônibus quando foram atingidos pelo carro desgovernado. Gabriel corre o risco de ter o braço direito amputado. Ontem, os médicos tentaram reimplantar o membro.

"Ele estava tão feliz por causa da formatura. Foi uma atitude irresponsável do motorista. Mas tenho fé que meu filho vai sair dessa", disse o pai do jovem, Ubiratan Almeida de Souza, 57.

Segundo a mãe, Vitalina de Lurdes Barbosa de Souza, 52, os amigos também ficaram feridos. Uma jovem está com um coágulo no cérebro. "Ele [motorista] poderia ter matado muita gente. Se ele não descumpriu a lei, tem que pagar", disse.

Segundo informações da Polícia Militar, outras duas mulheres em estado grave foram levadas ao Hospital das Clínicas após o acidente.

RESPOSTA

O estudante de engenharia Paulo César Negri saiu da delegacia na noite deste sábado sem falar com a imprensa. O advogado dele, Noel Ricardo Marfel Gardis, afirmou que seu cliente está consciente que errou ao dirigir embriagado.

Segundo o advogado, Negri relatou que um carro vermelho fechou seu veículo, quando perdeu o controle, e depois não lembra de mais nada. "Ele está preocupado com as vítimas, pois não tinha intenção alguma de machucar quem quer que fosse", disse o advogado.

FISCALIZAÇÃO FALHA

Para especialistas, a chance de casos como o da rua Augusta acontecerem poderia ser reduzida se o Estado de São Paulo conseguisse fiscalizar melhor a segurança do trânsito. Ou se, no campo jurídico, houvesse uma forma mais simples de classificar e punir crimes feitos por motoristas.

Dados da Polícia Militar e do Detran confirmam a sensação de que há pouca fiscalização. Em 2016, na capital, foram feitas 147 mil abordagens a motoristas para verificação de embriaguez.

Esse número pode parecer grande, mas, para uma cidade com 8,5 milhões de veículos, seria como dizer que, em 2016, o motorista de São Paulo teve a probabilidade de ser abordado por uma blitz a cada 58 carros. Considerando todo o Estado, foram 619 mil abordagens –proporção de um veículo parado a cada 46.

Já no Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, a relação foi de um em 22 veículos no ano passado. Na capital fluminense, esse índice vai para um a cada 11 –quase cinco vezes melhor do que a cidade de São Paulo.

Lei seca - fiscalização

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