Folha de S. Paulo


Pivô de ataques no Rio, facção criminosa trava guerra local e nacional

As cenas de violência no Rio na terça (2) fazem parte da guerra histórica entre facções criminosas locais pelo controle de territórios, quase sempre envolvendo o Comando Vermelho –o mais poderoso no Estado e um dos maiores do país.

O motivo deste novo enfrentamento é o controle da Cidade Alta, na zona norte do Rio, favela historicamente dominada pelo CV e tomada por integrantes do TCP (Terceiro Comando Puro) em novembro.

O TCP é a terceira maior facção do Rio, atrás de CV e ADA (Amigos dos Amigos). O grupo criminoso já havia expulsado o CV da favela de Vigário Geral ainda nos anos 1990, dominando o triângulo de favelas (que inclui Parada de Luca) próximo do chamado Trevo das Margaridas.

A região é um dos principais eixos rodoviários do Rio por dar acesso à avenida Brasil e às rodovias Presidente Dutra e Washington Luís –por onde entram armas e drogas da capital.

O confronto entre os criminosos foi, assim, uma tentativa de contra-ataque do CV para a recuperação da comunidade e, também, de seu prestígio.

Além da perda de arrecadação de milhões de reais com a venda de drogas e exploração do comércio local, ser expulso de um morro é sinônimo de vexame para os perdedores.

Essa disputa do CV ocorre em um momento crítico para a turma de Marcinho VP, principal chefe da quadrilha, quando os inimigos desse grupo se avolumam.

Além dos conflitos locais, o grupo está em uma guerra nacional com a maior facção criminosa do país, o PCC, aliado até o ano passado e fornecedor de drogas e armas. O grupo nascido em São Paulo, conforme mostrou a Folha, se aliou no Rio com a ADA e monta estratégia de crescimento no Estado.

Além disso, segundo integrantes da Polícia Civil, o CV também tem tido seguidos confrontos com a Polícia Militar. Já as facções criminosas ADA e TCP têm difundido maior fama de negociação e pagamento de propina para atuar em determinadas áreas.

Outra característica do Comando Vermelho são os ataques a ônibus –tipo de ação que levou, em 2010, à ocupação da Vila Cruzeiro e, depois, do Complexo do Alemão –dois redutos dessa facção criminosa.

Andressa Anholete/AFP

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