Folha de S. Paulo


Dorian Gray Caldas (1930-2017)

Mortes: Um potiguar que foi pintor, escritor e escultor

Era só a mãe do pequeno Dorian Gray Caldas se distrair para o menino fazer sua arte no piso do quintal de casa. Os desenhos ou simples rabiscos do garoto de oito anos eram feitos com carvão e enlouqueciam a matriarca devido a sujeira que deixavam.

A brincadeira de criança foi se aprimorando com o passar do tempo. Os rabiscos se tornaram retratos de pessoas e lugares feitos não mais no chão, mas em telas vendidas, expostas e premiadas.

A profissionalização começou em 1950, quando organizou com os amigos Newton Navarro e Ivon Rodrigues o 1º Salão de Arte Moderna. "A semana de 1922 da capital potiguar", brinca a filha, Dione.

O foco das pinturas era Natal. Pintava marinas, pescadores, apanhadores de algodão, engenhos. Até arriscava outras lugares ou pessoas, como a vista de Paris, mas esses eram momentos de exceção.

A pintura era sim sua primeira ocupação, mas não a única. Alternava as pinceladas com esculturas, desenhos, tapeçarias e poesias. Foram cerca de 40 livros publicados. Os mais recentes, lançados no ano passado, foram os dois volumes da antologia "O Outro Lado da Sombra - Poesia Quase Completa".

A casa em que viveu por 70 anos tinha amostras de seu trabalho por todos os lados. Apenas o quarto se salvava do cheiro de tinta -uma exigência da mulher, Wanda.

Simples e tranquilo, Dorian arriscava até de cantor nas reuniões com parentes e amigos. As músicas de Orlando Silva eram suas favoritas.

Morreu após uma parada cardíaca, aos 86, depois de 12 dias internados. Deixa a mulher, dois filhos e duas netas.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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