Aos oito anos, Luzardo se percebeu artista, enquanto rascunhava, com carvão e tijolo, cenas de filme nas calçadas de João Pessoa. Dali alcançaria o suprassumo da charge nacional, para logo voltar às origens: a simplicidade da vida e do traço - marcado em objetos e na memória da cidade natal.
Já aos 12 foi trabalhar no jornal "A União", que deixaria para ganhar a meca nacional da cultura gráfica. Chegou ao Rio em 1960 para trabalhar na revista "O Cruzeiro". Foi o conterrâneo de Assis Chateaubriand bater os olhos na fineza e humor de seu traço e contratá-lo para ilustrar a mais importante revista do país. Trabalhou ainda no "Correio da Manhã" e em "O Dia", antes de retornar a João Pessoa, em 1971, para fundar o "Edição Extra".
Queria emular "O Pasquim". Ali, criou Bat-Madame, sátira escrachada de Batman e da sociedade paraibana, em versão ninfomaníaca. Durou meses, mas marcou o quadrinho da cidade. Foi "daqueles artistas que por certo tempo nos encantam com sua obra e de repente desaparecem", definiu o artista Henrique Magalhães, autor da antologia "O humor gráfico de Luzardo Alves".
Daí foi trabalhar como gravador de objetos de metal, sobretudo alianças. Precisava viver. Na mesma banca no centro de João Pessoa onde trabalhou por décadas, fazia a Charge da Semana, folheto gratuito com Pataconho, pessoense arguto e crítico da política local. Em 2011, publicou o livro de charges Piadas Ilustradas. E, em 2012, foi homenageado num evento de HQs: era "o pioneiro".
Nos últimos tempos, deixou a banca e voltou a viver de tiras, para o "Jornal Já". "Amava o que fazia, as charges", diz a filha, Letícia. Seguia fixando a charge da semana no Ponto Cem Réis. Morreu aos 84, do coração.
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