Folha de S. Paulo


'Parecia um filme', diz mulher sobre árvore que caiu e destruiu casa em SP

Demoraram alguns segundos para que a arquiteta Renata Argenton, 45, entendesse que a destruição repentina de parte de sua casa, na zona sul de São Paulo, aconteceu pela queda de uma árvore durante o temporal que atingiu a capital nesta quarta (21).

Estava no andar debaixo quando viu uma folha caindo e estranhou. Instantes depois veio a poeira branca das paredes se quebrando. "Parecia cena de filme", resume ela, que mora no Brooklin. Além desta, a Prefeitura de São Paulo registrou outras 40 quedas de árvores desde aquela chuva.

Renata estava em casa com a mãe, Liliana, e teve a edícula da casa e um dos quartos destruídos, além de um carro, um Citroën C3, que estava na garagem quando a árvore caiu, por volta das 17h30. "Foi assustador, estávamos só as duas, a gente ficou perdida. Foi bem desesperador. Mas graças a Deus ninguém se machucou", diz ela.

Cidade dos alagamentos

Não bastasse o dano da casa, a caixa d'água também se rompeu. "Tentava fechar o registro, mas até o hidrômetro estava vibrando. Não parava de jorrar água, virou uma cachoeira", conta ela. Precisou chamar pessoas na rua para ajudar a conter o fluxo.

O motorista da Uber Willian Pasqualini, 39, descia a rua Haddock Lobo, na zona oeste, com uma passageira antes de começar a chuva. "O céu ficou preto e começou uma ventania", conta. "Não percebi nada até que vi uma mulher correndo. Escutei um barulho muito forte, parecia chapa batendo. E de repente senti uma pancada na minha cabeça", relata, sobre o momento em que uma árvore caiu sobre seu carro, um Renault Sandero. Perdeu o carro, mas tanto ele quanto a passageira tiveram apenas ferimentos leves.

Tanto Argenton quanto Pasqualini estudam processar a administração municipal –vizinhos de ambos os locais dizem que já tinham alertado a administração sobre a possibilidade de queda.

Segundo o advogado Igor Lodi Marchetti, do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), a administração pública deve arcar com os custos de reparo se for comprovado que houve uma omissão, com base no que diz o parágrafo sexto do artigo 37 da Constituição.

Seguros de carros devem cobrir danos causados por queda de agentes externos, por norma da Susep (Superintendência de Seguros Privados), ligada ao governo federal, diz Marchetti, salvo em casos excepcionais e catástrofes –que não foi o caso da chuva desta quarta, ressalta ele, por ser uma situação previsível nesta época do ano.

Ainda assim, alguns seguros não preveem essa cobertura, e os consumidores devem estar atentos e exigir seus direitos, afirma. "As pessoas devem conferir a apólice, o valor da indenização, para que não sejam surpreendido ou fique frustrado."

Em caso de queima de eletrodomésticos por falta de luz, consumidores devem entrar em contato com as concessionárias de energia elétrica e pedir indenização pelos danos. No caso de São Paulo, a Eletropaulo oferece um formulário no site da companhia para esses casos.

A chuva causou 19 pontos de alagamento intransitáveis, segundo balanço da prefeitura, sendo Santo Amaro e Sé as regiões mais atingidas.

A prefeitura diz que "atua em todas as frentes" para fazer o manejo das 650 mil árvores no viário, fazendo vistoria de 20 mil árvores por ano e mais de 300 podas por dia. Para denunciar uma árvore em iminente risco de queda ou para pedir vistorias, a população deve ligar no telefone 156 ou procurar a subprefeitura da sua região.

Cuidados em temporais


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