Folha de S. Paulo


José Carlos Stein (1936 – 2016)

Mortes: Dedicou a vida aos direitos dos trabalhadores

José Carlos Stein não durou sete meses no comando da Delegacia Regional do Trabalho em São Paulo. Primeiro a ocupar o posto após o fim da ditadura militar, em 1985, sua atuação mais agressiva, como escreveu esta Folha à época, desagradou grandes empresários e fazendeiros.

Descobriu um esquema de creches fantasmas: empresas que, por lei, precisavam fornecer creches a seus funcionários, firmavam convênios com instituições inexistentes.

Revelou também que redes de supermercados empregavam crianças e adolescentes sem contratos ou salários fixos. "Verdadeiras quadrilhas", escreveu, na extinta revista "Debate Sindical".

Multou ainda fazendeiros e usineiros que transportavam trabalhadores dentro de caminhões com enxadas, foices e outras ferramentas. Foi demitido do cargo em janeiro do ano seguinte, sob forte pressão. "Todo o trabalho foi demolido, pedra sobre pedra", disse na ocasião.

Advogou para sindicatos de trabalhadores até se aposentar, há cerca de 20 anos.

Na família, era conhecido pelo sarcasmo, mesmo que isso lhe cobrasse certa antipatia dos menos próximos. Pai presente, mudou-se para Vitória no último ano para ficar mais perto de uma das filhas.

Desde janeiro, começou a emagrecer e a enfraquecer de súbito, sem que os médicos descobrissem que doença tinha, diz o irmão, Elias.

Morreu no último dia 23, após contrair uma infecção generalizada. Deixa a mulher, três filhas e cinco netos. A missa de sétimo dia está marcada para esta sexta-feira (30), às 18h, na Catedral Metropolitana de Vitória.

Arquivo pessoal
 José Carlos Stein (1936-2016) com sua mulher
José Carlos Stein (1936-2016) com sua mulher

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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