O estudante Rodrigo Monteiro Sze, 20 anos, filho da superintendente do Detran da capital, Silvia Helena Monteiro Sze, foi preso em flagrante na manhã de ontem depois de atropelar e matar um estudante de 16 anos, na Lapa (zona oeste). A avó dele também foi atingida e seu estado é grave.
Um teste de dosagem alcoólica feito pela Polícia Militar logo após o acidente apontou que o motorista estava com 0,27 mg/l (miligramas de álcool por litro) de sangue. Com essa dosagem, Sze pode ter a carteira de motorista retida. Para configurar crime de trânsito, a dosagem precisa ser de pelo menos 0,34 mg/l no sangue.
Segundo a polícia, Sze disse que estava a 80 km/h na rua Jasper Negro, na Lapa, quando perdeu o controle de seu carro, um Honda Civic, e invadiu uma ilha cercada por tartarugas no meio da via, atingindo em cheio o estudante Lucas Magalhães Ribeiro, e sua avó, a aposentada Vera Lucia Gomes Ribeiro, 66 anos. A velocidade permitida na rua é de 40 km/h.
Lucas foi levado para o Pronto-Socorro da Lapa, mas morreu a caminho do hospital. Sua avó foi levada pelo helicóptero Águia da PM até o hospital Mário Covas, em Santo André (ABC). De acordo com familiares, o estado dela era grave, mas estável, internada na UTI.
BALADA
Segundo a polícia, Sze disse a policiais que ficou em uma balada até as 4h, quando saiu e deixou três amigos em casa e estava indo para sua residência. "Ele falou que ingeriu álcool, disse que estava a 80 km/h. Para mim. são indícios claros de crime" disse o delegado-assistente do 91º DP (Ceagesp), Gilberto Tadeu Barreto.
Pela morte de Lucas, o estudante foi indiciado sob suspeita de homicídio doloso (com intenção de matar). Pelos ferimentos Vera, acusado de tentativa de homicídio com dolo eventual (quando assume o risco de matar).
"Queremos apenas justiça. Lucas ia para o último dia de aula e foi morto por um motorista bêbado. Ele tem que ser preso", disse o tio dele, o advogado Agnaldo Ribeiro Alves, 45 anos.
OUTRO LADO
O advogado do estudante Rodrigo Monteiro Sze, Marcelo Feller, afirmou que pedirá à Justiça que seu cliente não seja condenado por homicídio doloso e que seja liberado ainda hoje. "Fora o atropelamento, que foi um acidente, ele não cometeu nenhum crime. A dosagem de álcool no sangue dele estava abaixo do limite legal. Este não é um novo caso de motorista que arrancou o braço de alguém e fugiu", falou o advogado. "Ele mesmo ligou para a polícia, para o resgate e ficou aguardando sua chegada", disse Feller.
"Ele não é um cara que foi pra balada e encheu a lata e saiu completamente tresloucado atropelando as pessoas. Vamos deixar a Justiça verificar o que houve", falou o advogado.
Segundo o advogado, a mãe de Sze, a superintendente do Detran da Capital, Sílvia Helena Monteiro Sze, esteve na delegacia pela manhã para dar apoio ao filho e esteve em contato com os familiares do estudante morto. "Ela deixou os contatos dela e ofereceu qualquer apoio que eles precisem", afirmou Feller.