Folha de S. Paulo


Policiais envolvidos em morte de criança cumprem medida cautelar

Os quatro policiais militares envolvidos na ocorrência que terminou com a morte do garoto Italo, 10, após suposto confronto armado em um carro furtado na Vila Andrade, zona sul de São Paulo, no último dia 2, terão a partir de agora que cumprir expediente administrativo diário na Corregedoria da Polícia Militar.

A medida passou a valer nesta segunda (13). Os policiais se apresentarão de segunda a sexta-feira na sede do órgão, na Luz (região central), onde ficarão em uma sala fardados, mas desarmados e sem os celulares, das 9h às 18h, constantemente filmados.

Oficialmente, a medida não é considerada um tipo de detenção. Oficiais da Corregedoria apontam que se trata apenas de uma medida cautelar para evitar vazamentos de informações e deixar os policiais de prontidão para prestarem novos esclarecimentos, inclusive da Polícia Civil.

O advogado dos PMs, Marcos Manteiga, vê de forma diferente. Segundo ele, os policiais podem até mesmo ter suas conversas grampeadas por escutas.

"Aos meus olhos, é um abuso de autoridade [do Comando da PM], uma prisão velada, uma forma de tortura", disse o advogado.

Desde o ocorrido, os dois policiais da Rocam (tropa de motos) que afirmam terem atirado em direção ao carro já estavam longe das ruas. Na semana seguinte, os outros PMs, que ficaram com a criança sobrevivente, de 11 anos, também foram deslocados para a área administrativa.

Os quatro, no entanto, seguiam na sede do batalhão responsável pela área, sem restrições para uso de celulares ou computadores, mas desarmados.

A Polícia Civil aguarda o resultado de mais laudos feitos pela perícia, entre eles as balísticas nas armas dos PMs e do revólver calibre 38 apreendido como sendo de Italo, para decidir de que forma o outro menino será ouvido novamente.

Só então a reconstituição do crime deverá ser feita, para avaliar se Italo teria condições de dirigir e atirar com a mão esquerda, mesmo sendo destro.


Endereço da página:

Links no texto: