Folha de S. Paulo


Justiça manda soltar PM suspeito de participar de chacina na Grande SP

Edison Temoteo - 19.set.2015/Futura Press/Folhapress
Morador observa sangue de vítimas no local dos assassinatos, em Carapicuíba (Grande SP)
Morador observa sangue de vítimas no local dos assassinatos, na região central de Carapicuíba

A Justiça de São Paulo determinou a libertação do policial militar Douglas Gomes Medeiros, preso sob a suspeita de matar quatro jovens em uma chacina perto de uma pizzaria em Carapicuíba, na Grande SP, em setembro do ano passado.

A decisão de soltá-lo ocorreu porque a Promotoria pediu a impronúncia do réu. Isso quer dizer que não foram encontrados indícios suficientes para levá-lo a júri popular. Um dos motivos seria a inconsistência da versão da testemunha protegida, a qual os investigadores diziam ter reconhecido o PM nas proximidades do local do ataque.

A Secretaria da Segurança Pública informou à época que a investigação apontava Medeiros como o autor dos ataques contra os jovens como um ato de vingança, por considerá-los responsáveis por um roubo e agressões sofridos pela mulher dele, dias antes. Ainda na ocasião, o secretário Alexandre de Moraes disse que a bolsa da mulher do PM tinha sido encontrada na casa de uma das vítimas.

A chacina de Carapicuíba ocorreu em setembro, menos de um mês depois de outra, em Osasco e Barueri, resultar no assassinato de 23 pessoas.

TRANSFERÊNCIA

Medeiros trabalhava no comando-geral quando foi preso. Ele trabalhou por certo tempo no 20º Batalhão, vizinho a Carapicuíba, mas havia sido transferido para atuar na escolta do subcomandante da corporação -coronel Francisco Alberto Aires Mesquita.

Os quatro rapazes, com idades entre 16 e 18 anos, trabalhavam como motoboys numa pizzaria. Foram atacados por volta de 0h20 de um sábado, 19 de setembro, quando deixavam a pizzaria onde trabalhavam. Estavam parados em uma rua paralela quando foram abordados por quatro homens armados com pistolas em um carro.

Os quatro adolescentes foram encontrados deitados de bruços por testemunhas, parte deles com as mãos postas na nuca, típica de abordagens policiais. Vídeos feitos logo após o ataques mostram isso.

Um grupo de policiais militares que trabalhava naquela noite chegou a ser indiciada pela polícia por ter alterado a cena do crime. Os corpos não estavam mais de bruços quando a perícia chegou ao local, sendo que a equipe médica não tinha tocado nos corpos.

Todos esses PMs também foram inocentados. Isso consta na mesma decisão que mandou soltar Douglas Medeiros.

Procurada na manhã desta terça (26), a Secretaria da Segurança Pública ainda não se manifestou.


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