Folha de S. Paulo


Família de funcionário da Protege é sequestrada e liberada após resgate

A família de um funcionário da transportadora de valores Protege foi sequestrada no final da tarde desta segunda-feira (18) em Campinas, no interior de São Paulo, e liberada na manhã desta terça (19) na Barra Funda, zona oeste da capital paulista, após pagamento de resgate de mais de R$ 1 milhão.

A ação foi confirmada pela Polícia Civil, que investiga o caso. As vítimas e outros três funcionários da empresa prestaram depoimento durante toda a tarde desta terça na DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Campinas e depois foram levadas para a casa de parentes.

No mês passado, a sede da Protege em Campinas foi alvo de um mega-assalto, quando foram levados mais de R$ 50 milhões pelos criminosos. Para realizar o roubo, a quadrilha atirou com armas de grosso calibre e fuzis com capacidade de derrubar helicóptero. Dois suspeitos de atuar nessa ação foram presos nesta terça.

O diretor do Deic (departamento de combate ao crime organizado), Emygdio Machado Neto, disse que a investigação do sequestro terá a participação de policiais ligados a roubo a banco, para saber se há ligação com a quadrilha que roubou a Protege em março. Segundo ele, não há, por ora, relação entre as duas ações.

Denny Cesare - 14.mar.16/Codigo19/Folhapress
Policiais e funcionários da Protege, em Campinas, em frente à parede que foi explodia, em março
Policiais e funcionários da Protege, em Campinas, em frente à parede que foi explodia, em março

A liberação da mulher e das duas filhas de cinco e sete anos do funcionário ocorreu após ele mesmo entregar os malotes de dinheiro à quadrilha. O local de entrega foi a rodovia Santos Dumont (SP-075), em Campinas. Só depois é que ele comunicou sobre o caso à empresa, que, em seguida, acionou a polícia.

O funcionário é um dos coordenadores de equipe dos carros-forte da Protege. Cada veículo tem quatro funcionários, sendo que um deles chefia o grupo –o funcionário tem essa função na empresa.

De acordo com a Polícia Civil, o funcionário foi rendido por quatro homens armados quando chegava em casa, na região do Ouro Verde, periferia da região sudoeste de Campinas. Os criminosos entraram na casa e capturaram-no, junto da mulher e dos filhos.

Após passar a noite em cativeiro, o funcionário foi liberado pela manhã para pegar o dinheiro na transportadora. Lá, carregou o carro-forte junto de outros colegas e seguiu com o veículo até o ponto marcado, onde entregou o montante. Em seguida, a família foi liberada, em São Paulo.

TORTURA PSICOLÓGICA

Segundo policiais, a mulher e as duas filhas do funcionário foram deixadas próximo ao terminal de ônibus da Barra Funda. Lá, elas pediram a ajuda de PMs. A Polícia Civil de Campinas foi acionada e pegou as vítimas. As filhas foram deixadas com parentes.

Na DIG do município, ainda de acordo com os policiais, a mulher chorou durante depoimento e disse que a todo instante foi ameaçada, junto com o marido. Segundo um policial, "a tortura foi psicológica". "Eles não sofreram nenhuma agressão", disse ele. Na saída, as vítimas não falaram com a imprensa. Ninguém foi preso até o momento.

A Folha falou com a assessoria de imprensa da Protege, que, em nota, disse aguardar "a apuração dos fatos e, para isso, colabora com as autoridades policiais em sua investigação".

Os advogados da Protege que estavam na delegacia em Campinas não quiseram dar declarações à imprensa.

HISTÓRICO

Como a Folha mostrou nesta terça, ações violentas –como esta de Campinas, em março– têm se espalhado pelo país –foram ao menos 15 ataques a carros-fortes e empresas de valores nos últimos dez meses em sete Estados.

Em um ano, por exemplo, a sede da Protege em Campinas foi atacada duas vezes.

Nos últimos quatro anos, Campinas registrou ao menos quatro casos de sequestro de familiares de funcionários de empresas transportadoras de valores. Um dos mais emblemáticos foi em 2012, quando um funcionário teve bombas amarradas às pernas. Após retirada, a polícia constatou que as bombas eram falsas.


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