Folha de S. Paulo


Samarco fecha acordo e auditoria externa irá acompanhar obras

Hugo Cordeiro/Photograph/Nitro/Folhapress
Vista de Bento Rodrigues, em Mariana, após rompimento de barragem da Samarco

Em um acordo feito com o Ministério Público e o governo de Minas Gerais, a mineradora Samarco se comprometeu a apresentar medidas de prevenção para o caso de um eventual novo rompimento das barragens que ainda estão de pé em Mariana (a 124 km da capital mineira).

Uma das obrigações assumidas pela empresa é a instalação de equipes de salvamento que terão de ficar à disposição 24 horas por dia em todas as cidades e povoados que podem ser atingidos. Um helicóptero terá que ficar de prontidão para o uso dessas equipes.

No acordo, a mineradora, controlada pela Vale e BHP Billiton, ainda se compromete a contratar uma auditoria independente para acompanhar as obras de reforço das barragens de Germano e Santarém, que sofreram danos mas não ruíram, e das estruturas restantes de Fundão, que se rompeu no dia 5 de novembro. A auditoria terá que ser aprovada pela Promotoria e governo.

Um novo plano de emergência terá de ser elaborado e entregue até o dia 30 de março. A Samarco também terá de fazer, até o dia 15 de março, uma simulação de um eventual rompimento com os moradores dos distritos de Mariana e da cidade de Barra Longa, os mais afetados pelo "tsunami" de rejeitos de lama.

Por fim, a Samarco deve iniciar a limpeza e o esvaziamento da usina hidrelétrica Risoleta Neves, a 100 km das barragens, até o dia 30 de março. No caso de rompimento, o reservatório pode impedir a chegada da lama ao rio Doce.

As informações sobre o acordo foram divulgadas nesta terça-feira (16) pelo "Jornal Nacional", da TV Globo, e confirmadas pela Folha. Em caso de descumprimento, há uma multa prevista de R$ 300 mil por dia.

Como revelado pela Folha, um estudo contratado pela Samarco aponta que, no caso de rompimento de Germano e Santarém, haverá um desastre maior do que o de novembro. O acordo foi fechado por conta das informações contidas nesse estudo.

Quando a barragem de Fundão vazou, provocou um estrago que atingiu o litoral do Espírito Santo, a 600 km de distância, e matou 19 pessoas.

A Samarco foi procurada, mas ainda não se manifestou. À Rede Globo a empresa disse que irá fazer a simulação de rompimento nas próximas semanas e contratar auditoria assim que receber definição do Ministério Público. Também informou que disponibilizará os helicópteros assim que necessário.

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BARRAGENS DA SAMARCO

FUNDÃO
63 bilhões de litros *
era o volume de rejeitos armazenados em 5.nov

40 bilhões de litros
vazaram com o rompimento

GERMANO
130 bilhões de litros
é o volume armazenado atualmente

105 bilhões de litros
têm potencial para vazar caso a barragem se rompa

*

CONSEQUÊNCIAS DA RUPTURA

  • Problemas no abastecimento de água e de energia
  • Destruição de áreas de preservação
  • Inundação de propriedades
  • Assoreamento de rios

*Inclui 7 bilhões de litros na Santarém
Fonte: reportagem

Avener Prado/Folhapress
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