Folha de S. Paulo


Menina de 4 anos foi morta pelo próprio pai, afirma Polícia Civil de SP

Veja vídeo

A polícia indiciou o autônomo Ricardo Najjar, 23, sob suspeita de matar a filha sufocada. Sophia, 4, morreu no dia 2 de dezembro, no apartamento de Najjar, na zona sul de São Paulo.

Principal suspeito, o pai foi preso dois dias depois da morte, no velório de Sophia.

Segundo a polícia, ele tampou com as mãos o nariz e a boca da menina após agredi-la. Najjar nega o crime e diz que não sabe o que ocorreu.

Na época, ele disse à polícia que entrou no banho e ao sair, dez minutos depois, achou a menina "caída, com um saco plástico no rosto".

Segundo Alexandre de Moraes, secretário da Segurança, "todas as investigações levaram ao pai como o autor".

"Há lesões no tímpano, o que indica que [a criança] tomou um tapa no ouvido. E também lesões na boca, a sugerir que, enquanto chorava ou gritava, o pai teria tentado calá-la com as mãos", afirmou Moraes. O secretário disse ainda que os exames descartaram violência sexual.

Segundo a delegada Ana Paula Rodrigues, da delegacia da infância do Departamento de Homicídios, as lesões não são compatíveis com sufocamento acidental com uma sacola plástica.

Ainda de acordo com a polícia, a perícia mostrou que o modelo de sacola não mataria a menina asfixiada rapidamente, por ser grande.

Levaria cerca de 30 minutos para ela aspirar todo o ar dentro do saco, tempo incompatível com o relato do pai.

Para a polícia, Najjar matou a criança em um momento de irritação. A mãe de Sophia -que não morava no local- e a atual namorada relataram que ele costumava perder a paciência.

"Chegava a bater com a cabeça na parede, a arremessar objetos", disse a delegada.A polícia disse que ele não tinha histórico de agressão contra a filha.

Os investigadores não encontraram sinais de arrombamento.

OUTRO LADO

Nesta terça-feira (15), diante dos laudos, Najjar afirmou em depoimento que "não sabe" o que aconteceu na noite da morte de Sophia, e negou tê-la assassinado.

O pai repetiu que encontrou a menina morta e com a sacola na cabeça quando saiu do banho. Najjar afirmou ainda que, ao ver Sophia, puxou a sacola de baixo para cima, até a região do nariz, mas voltou a deixar o rosto da filha coberto ao ver que ela estava sangrando. "Ela não estava bonita. Não era uma cena confortável para mim."

Najjar também explicou o motivo de, sem tirar a sacola da cabeça da filha, ter tirado a menina do chão, colocado na cama e depois voltado novamente para o chão. "Eu imaginei que ali (na cama) não seria o local para fazer o que a emergência me orientasse", disse.

O advogado do autônomo, Marcelo Rocha Leal Gomes de Sá, foi procurado, mas não respondeu aos recados da reportagem.


Endereço da página:

Links no texto: