Folha de S. Paulo


Com 'manutenção a 50 km/h', marginais têm placas caídas e entulho

Sob a justificativa de aumentar a segurança no trânsito, os motoristas estão desde julho obrigados a andar mais devagar nas marginais Tietê e Pinheiros, vias campeãs de acidentes na cidade.

Mas, dois meses e meio após a redução dos limites de velocidade, eles continuam se deparando com outros riscos –como pedestres forçados a desviar de calçadas obstruídas por entulhos, camelôs que se arriscam no meio das pistas, placas de sinalização caídas e até pequenos buracos ou desníveis no asfalto.

Nesta semana, a Folha percorreu de ponta a ponta as diferentes faixas das duas marginais e verificou que a gestão Fernando Haddad (PT) ainda não cumpriu com sua "lição de casa" para deixar os 47 km de pistas mais seguros.

Os limites de velocidade nas duas marginais diminuíram de 90 km/h para 70 km/h na expressa, de 70 km/h para 60 km/h na central e de 70 km/h para 50 km/h na local.

Embora os acidentes com vítimas tenham caído 36% nas primeiras oito semanas, ainda há uma série de problemas que colocam motoristas e pedestres em perigo.

Na marginal Pinheiros, sentido Interlagos, uma montanha de lixo se acumulava na calçada e em parte da pista em frente à favela Real Parque.

Duas caçambas invadiam a faixa exclusiva de ônibus, forçando pedestres a ocupar a pista do transporte coletivo.

Sob a ponte Julio de Mesquita Neto, na marginal Tietê, barracas de moradores de rua também obstruíam a passagem de quem estava a pé.

O capitão da PM Marcos Cunha, responsável pelo policiamento das marginais, diz que as moradias por lá favorecem acidentes. "Não há obstáculo entre essas habitações e a via, nenhuma cerca, nada."

Na marginal Tietê, em meio ao trânsito, ambulantes vendiam pipoca, doces caseiros e carregadores de celular.

Em 2014, 25 pedestres morreram atropelados nas marginais –vendedores como esses estavam na lista.

"Com tanto ambulante no meio da rua e com a grande quantidade de motos que passa por ali, não tem jeito, vai ter acidente", diz o urbanista Lucio Gomes Machado.

Placas quebradas, retorcidas, sem visibilidade ou até mesmo ausentes também colocam os usuários da via em risco em acostamentos, pontos de bifurcação e locais onde a conversão é proibida.

Em um só ponto da pista expressa da marginal Pinheiros havia três problemas: uma placa de sinalização retorcida, um buraco e uma pilha de pedaços de asfalto que bloqueava a entrada no acostamento e já começava a invadir a pista dos carros.

"É preciso melhorar a infraestrutura e fazer uma fiscalização mais eficiente. Isso produz resultados mais efetivos e mais duradouros", afirma o consultor em trânsito Flamínio Fichmann.

OUTRO LADO

A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) afirma que, em julho passado, trocou placas e fez a manutenção da sinalização nas duas marginais –e que as necessidades identificadas são encaminhadas à área responsável.

A gestão Haddad diz também que fará a remoção do asfalto acumulado na marginal Pinheiros e do entulho em frente à favela Real Parque –e alega que esse local recebe limpeza semanalmente.

Afirma ainda que vai vistoriar as barracas de moradores de rua que obstruem as calçadas. "A maioria dos cidadãos abordados recusa atendimento e não podemos obrigá-los a aceitar os serviços oferecidos", diz.


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