Folha de S. Paulo


Após morte de modelo, cicloativistas pedem ajustes em sinalização

Cicloativistas apontam problemas na sinalização da ciclovia da avenida Brigadeiro Faria Lima (zona oeste de São Paulo), onde a modelo e ciclista Mariana Livinalli Rodriguez, 25, foi atropelada na última terça-feira (1º).

A jovem, que morreu nesta quinta (3), circulava de bicicleta quando foi atingida por um ônibus que fazia a conversão na esquina da avenida Brigadeiro Faria Lima com a rua Chopin Tavares de Lima, em Pinheiros.

Mariana sofreu traumatismo craniano e estava na UTI do Hospital das Clínicas.

Segundo a Secretaria da Segurança, a modelo seguia pela ciclovia e colidiu com o para-choque esquerdo do ônibus, caindo e batendo a cabeça.

Os peritos informaram aos policiais que é possível que a modelo não tenha observado o semáforo para bicicletas. O motorista do ônibus disse à polícia que o semáforo estava aberto para ele.

Reprodução/Facebook
A modelo gaúcha Mariana Livinalli Rodriguez, de 25 anos, que morreu após ser atropelada
A modelo gaúcha Mariana Livinalli Rodriguez, de 25 anos, que morreu após ser atropelada

Para o diretor da Ciclocidade, Daniel Guth, a sinalização naquele cruzamento específico pode gerar confusão.

"Naquele ponto, o sinal para os carros está verde, então eles continuam seguindo reto, e para o ciclista está vermelho porque abriu pros demais veículos fazerem conversão", diz.

"Se o ciclista está acompanhando o movimento dos carros, pode acontecer de achar que está verde para ele."

Guth afirma que poderia ser criada uma solução como uma lombada, para que os ônibus fizessem a conversão em menor velocidade. "Tem uma série de medidas que poderiam ser feitas que fariam com que aquele cruzamento fosse mais sinalizado."

André Pasqualini, da ONG CicloBR, afirma que o semáforo para ciclista deveria ficar antes do cruzamento, não depois. "Tem essa falha de sinalização", diz ele, que também critica o excesso de conversões na via.

Para Pasqualini, no entanto, seria fundamental capacitar melhor os motoristas de ônibus. "Por mais que a ciclista estivesse errada, um motorista experiente teria totais condições de evitar esse tipo de acidente", disse.

Questionada sobre possíveis mudanças no cruzamento, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) não respondeu. Afirmou lamentar o acidente e aguardar a investigação para esclarecer as circunstâncias.

Para especialistas de trânsito, a ampliação das ciclovias resultará naturalmente em mais acidentes. "Há uma exposição ao risco maior, mesmo que as ciclovias sejam sinalizadas e preparadas", disse Horácio Figueira, mestre em transportes pela USP.

Luiz Célio Bottura, ex-ombudsman da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), diz que acidentes e mortes tendem a crescer, até pela fragilidade das bicicletas. "Ciclista não tem para-choque. O para-choque é ele mesmo."

Nesta quinta (3), o prefeito Fernando Haddad (PT) disse que construir ciclovias eleva a segurança dos ciclistas.

LUTO

A agência de modelos Joy Model Management, para a qual Mariana trabalhava, lamentou a morte em sua página na internet e nas redes sociais. A agência destacou que a modelo, natural de Soledade (a 225 km de Porto Alegre), era uma profissional "gentil, amável, promissora."


Endereço da página: