Folha de S. Paulo


No DF, bactéria que transmite a cólera é encontrada em estação de esgoto

A secretaria de Saúde do Distrito Federal emitiu um alerta a hospitais da região após equipes de monitoramento ambiental detectarem, em uma amostra retirada de uma estação de tratamento de esgoto, uma bactéria que transmite a cólera.

É a primeira vez que a bactéria Vibrio cholerae é encontrada no DF –a região, no entanto, iniciou atividades de monitoramento constante da rede de esgoto há apenas dois anos.

A amostra, com o tipo O1 da bactéria, foi encontrada em junho em uma estação de tratamento da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal) na Asa Norte, em Brasília.

O resultado, que saiu apenas neste mês, foi confirmado após análise de laboratório especializado da Fiocruz. Outras amostras foram coletadas em seguida no mesmo local, mas a bactéria não foi encontrada novamente.

Ainda assim, a secretaria resolveu emitir um alerta aos hospitais como forma de encontrar possíveis casos da doença e, assim, evitar a transmissão. A orientação é que profissionais estejam atentos a casos de diarreia súbita e grave, um dos principais sintomas da doença, que também pode ser acompanhada de vômitos.

"Precisamos nos precaver. Se não fizermos o alerta, corremos o risco de não detectar a doença caso um paciente chegue na rede, porque não é habitual", explica a chefe do núcleo estadual de agravos de transmissão hídrica e alimentar, Rosa Maria Mossri.

Em nota, a Secretaria de Saúde do DF reforça que o resultado da análise foi positivo apenas para um trecho –a pasta descarta a contaminação de toda a estação de tratamento de esgoto ou mesmo da água que é consumida.

Os últimos casos de cólera no Brasil foram registrados em 2005, quando cinco casos da doença foram notificados em Pernambuco. Desde então, não há registro de novos casos.

O Distrito Federal, por exemplo, nunca teve casos autóctones da doença –todos os registrados eram importados, ou seja, de pessoas vindas de outros países.

A transmissão da cólera ocorre por meio do contato com água e alimentos contaminados pelas fezes de uma pessoa infectada. A doença, assim, é mais comum em países com más condições da rede de saneamento básico.

REFORÇO

Após o resultado positivo para a bactéria no DF, o Ministério da Saúde publicou um informativo às vigilâncias estaduais em que recomenda a realização de monitoramento ambiental para detecção de bactérias que transmitem a doença.

O objetivo é "detectar a circulação destes patógenos no ambiente, em tempo oportuno, com o intuito de serem adotadas as medidas de prevenção e controle necessárias para evitar a disseminação" dessas bactérias e, consequentemente, a propagação da cólera no país.

De acordo com o ministério, análises das amostras no DF e indicaram como baixo o risco de disseminação da Vibrio cholerae.

Segundo o documento, o reforço no monitoramento ambiental ocorre porque o Brasil recebe turistas e viajantes provenientes de países onde ocorre a transmissão da doença, como Haiti, República Dominicana, México e alguns países da África.


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