Folha de S. Paulo


Auditoria em torneios de São Paulo detecta falhas da prefeitura

Uma auditoria da Controladoria do Município de São Paulo constatou uma série de irregularidades e falhas da prefeitura na contratação de entidades que realizam eventos esportivos na cidade.

A auditoria analisou convênios firmados pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) em 2013 e 2014. Ela aponta considerável variação de preços na compra de serviços e equipamentos de diferentes torneios, sem justificativa para os valores mais altos.

Uma ambulância, por exemplo, foi contratada por R$ 1.600 para um campeonato de kung fu em julho de 2013. Um mês depois, em um torneio de caratê, o mesmo serviço custou R$ 5.000 –diferença de 212%.

Troféus também tiveram grande variação, aponta a auditoria. Em um torneio, a peça custou R$ 66; em outro, R$ 320 –variação de 383%.

A Controladoria também diz que diretores de entidades esportivas, que receberam dinheiro público para fazer eventos, contrataram empresas de parentes para realizar serviços.

A Liga Paulista de Futebol Feminino, que recebeu repasses para um evento, contratou o Instituto Esporte e Vida por R$ 39 mil para serviços de arbitragem. Bruno Crossi, presidente da Liga, é marido da conselheira fiscal do instituto, Nieta Crossi.

Bruno pagou R$ 19 mil também para a empresa de seu irmão distribuir lanches a atletas em outro evento.

Em março, a Folha revelou que instituições de aliados políticos, suspeitas de irregularidades e de serem de fachada, estavam entre as beneficiadas por repasses sem licitação feitos pela Secretaria Municipal de Esportes para a organização de torneios desde 2010.

Só em 2014 a prefeitura gastou R$ 52 milhões com eventos em contratos de convênios –que incluem de ações para crianças a competições de artes marciais.

Após a publicação da reportagem, o responsável pelos convênios na secretaria, Siderval de Brito, foi demitido. Ele havia sido indicado pelo secretário Celso Jatene.

OUTRO LADO

Em resposta à auditoria, a Secretaria de Esportes diz, no documento, que pedirá o dinheiro de volta nos casos de contratação de parentes.

A pasta diz que a auditoria mostra a necessidade de aprimorar procedimentos e "criar mecanismos de controle".

Nieta Crossi diz que, na época do torneio, não sabia que a contratação de entidades ligadas a parentes era proibida. Seu marido, Bruno Crossi, está hospitalizado e ela não quis falar por ele.

O Instituto Esporte e Vida afirma que prestou todos os esclarecimentos à prefeitura.


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