Folha de S. Paulo


Cidades da Grande São Paulo têm alta de assaltos em julho

Na contramão do Estado de São Paulo e da capital paulista, os municípios da Grande SP ainda não conseguiram frear o aumento de roubos.

Os assaltos voltaram a crescer na região em julho –alta de 4,3%– e no acumulado dos primeiros sete meses do ano –3,4%– em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados divulgados nesta terça (25) pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).

A situação preocupa a mesma região alvo da série de ataques que resultou em 18 mortes na noite do último dia 13.

Clique no mapa: Roubos na Grande SP

A principal hipótese investigada pela polícia é que esses assassinatos em Osasco e Barueri tenham sido uma retaliação às mortes de um policial e um guarda civil que foram vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte).

A tendência é oposta à de outras áreas com sucessivas quedas em assaltos. Em sete meses, os casos caíram 5,2% no Estado e 6,8% na capital –interrompendo a escalada de roubos do ano passado.

A distribuição do efetivo policial é considerada por especialistas como um dos fatores que mais influenciam os indicadores de roubos.

Dados de dezembro de 2013 da PM apontavam que a quantidade de policiais operacionais –que atuam diretamente no patrulhamento– nos 38 municípios da Grande São Paulo (9.289 agentes) era metade da existente na capital (18.204), embora a diferença entre a população das duas áreas fosse inferior a 25%.

No batalhão de Osasco, por exemplo, havia 392 homens, menos do que os 450 do batalhão de Higienópolis, na região central de São Paulo.

"O crime de rua é muito sensível à oferta de policiamento ostensivo, principalmente quando é feito por mapeamento criminal. A Grande São Paulo é muito complexa, mas pode estar havendo falha na distribuição", afirma José Vicente da Silva Filho, coronel da reserva da PM.

Questionada, a PM não forneceu dados mais recentes –disse não divulgar o número de policiais em cada local por "questões estratégicas".

Informou apenas que a destinação do efetivo leva em conta, além da população residente, "a população flutuante, os indicadores criminais e peculiaridades locais".

O governo diz que, considerando ainda outros crimes contra o patrimônio, houve queda de 7,1% na Grande SP e que, desde 2011, contratou 2.688 PMs para a região.

Pelo indicadores divulgados pela gestão Alckmin, os latrocínios aumentaram em julho no Estado (de 20 para 25 casos), embora haja queda no acumulado do ano. Já os homicídios mantiveram a tendência de diminuição.

Estatísticas da violência em SP

HOMICÍDIOS

O Estado de São Paulo registrou em julho, pela sexta vez no ano, a menor taxa de homicídios intencionais da série histórica do governo estadual, que adota a mesma metodologia desde 2001.

O indicador ficou em 9,25 casos por cem mil habitantes, segundo cálculo da Secretaria da Segurança Pública.

Na divulgação dos dados, a pasta destacou que o indicador "está abaixo do limite considerado endêmico pela OMS (Organização Mundial da Saúde)". A entidade, porém, afirma que não realiza esse tipo de classificação.

O cálculo da secretaria leva em conta os casos de homicídio, e não de vítimas –há diferença entre o número de casos e o de vítimas porque cada caso registrado pode ter mais de um morto, como em chacinas, por exemplo.

Especialistas dizem que o método mais usado internacionalmente considera dados de vítimas e inclui mortos em latrocínios e em confronto com a polícia –feita desse modo, a taxa seria de 11,4.

No país como um todo, o mesmo cálculo feito com os dados mais recentes, de 2013, resulta em uma taxa de 27,4.

Clique no infográfico: Roubos em 2015

NÚMEROS

No mês passado, os casos de homicídio no Estado ficaram em 274, contra os 332 registrados em julho de 2014 –uma queda de 17,5%.

Na capital paulista, a queda foi de 19,8% –os casos passaram de 86 para 69, o menor valor mensal da série histórica do governo.

Já nos municípios da Grande São Paulo, a redução dos homicídios em julho foi de 16,9% –de 83 para 69 casos.

Não está incluída nesse número a série de 24 mortes ocorridas no mês de agosto em Osasco e Barueri.

Os casos de estupro no Estado tiveram redução de 2,8% em julho (de 755 para 734) e de 10,4% no acumulado do ano (de 5.878 para 5.266).

Na divulgação das estatísticas, a secretaria destacou a queda de 19,5% no roubo de carga no Estado, dado antecipado na segunda-feira (24).

Foi a segunda vez seguida que o governo Geraldo Alckmin (PSDB), em pré-campanha para a disputa presidencial de 2018, picotou e antecipou a divulgação de dados criminais favoráveis.

Antes, a prática adotada pela gestão era informar todas os dados de uma só vez.

Clique no infográfico: Outros crimes


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