Folha de S. Paulo


Festa do Peão de Barretos completa 60 anos de olho no exterior

Paduardo/Brazil Photo Press/Folhapres
O cantor norte-americano Garth Brooks se apresenta na Festa do Peão de Barretos neste domingo (23)
O cantor norte-americano Garth Brooks se apresenta na Festa do Peão de Barretos neste domingo (23)

Mais questionados do que nunca devido a supostos maus-tratos aos animais, os rodeios completam neste mês 60 anos de história oficial no país, na Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (SP), de olho em como expandir suas fronteiras para além do território nacional.

Criada por um grupo de 20 amigos na data de aniversário da cidade, 25 de agosto, a festa cresceu com o passar dos anos e, agora, vê na internacionalização uma forma de ver os negócios crescerem e atrair um público novo.

Já havia montarias no país antes da primeira edição, em 1956, mas foi a Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos que iniciou a "profissionalização" da atividade de peão.

A própria Barretos sediou um rodeio em 1947, considerado o embrião das cerca de 2.000 festas de peão espalhadas pelo país.

"A nossa festa só nasceu porque teve a outra, em 1947. Era muito amadora e foi feita para que os peões não se misturassem com o restante da cidade, que comemorava o aniversário de Barretos em outro lugar. Mas serviu para inspirar o que passou a ser feito na década seguinte", diz Mussa Calil Neto, que, entre 1984 e 1985, foi presidente de Os Independentes, entidade que organiza o evento.

Internamente, a aposta na internacionalização pretende fazer o rodeio crescer a ponto de superar as críticas que os eventos sofrem de entidades de proteção animal.

A edição atual, além de incluir shows do cantor norte-americano Garth Brooks, que se apresentou neste sábado (22), as provas de montarias serão classificatórias para duas competições nos EUA.

Até este domingo (23), aconteceria a final do circuito brasileiro da PBR (Professional Bull Riders), braço da competição norte-americana.

Terça e quarta (26), as disputas valerão vaga no The American, que distribui US$ 2 milhões em prêmios.

Editoria de Arte/Folhapress

Além de levar peões ao exterior, Barretos quer fazer ela própria um evento nos EUA. Para isso, negocia uma disputa na região de Orlando, onde há muitos brasileiros.

"Precisamos oxigenar o negócio. Os brasileiros vão bem nos rodeios lá fora, e por que não fazermos nós um rodeio lá? Esse é o foco", disse o atual presidente da associação, Jerônimo Muzetti.

Se hoje a medida é uma saída para o crescimento, no passado, quando a música sertaneja era taxada de brega, Barretos aderiu a outros estilos musicais para se manter entre os grandes eventos do país. Houve ano em que o sertanejo não representou nem metade de suas atrações.

PRIMÓRDIOS

Com números grandiosos hoje –a festa ocorre numa fazenda de 78 alqueires, reúne 900 mil pessoas a cada ano e distribui R$ 1 milhão em prêmios aos peões–, no início o amadorismo prevaleceu.

"A gente só queria fazer uma gincana para dar alguma renda ao asilo dos idosos. Mas não tinha tropa, nem peão. Era tudo novo. Tivemos de ir desenvolvendo tudo com o passar dos anos. Nunca esperava chegar nisso", disse Antonio Prata, 85, um dos fundadores da festa.

Com o crescimento, vieram as críticas de ONGs como a Amor de Bicho Não Tem Preço e o PEA (Projeto Esperança Animal), que acusam os rodeios em geral de maltratarem os animais participantes.

"Se usam equipamentos que fazem o boi pular é porque isso incomoda o animal. Se não gera maus-tratos, é só tirar. Quero ver qual boi pulará", disse Claudia de Carli, presidente da Amor de Bicho, que já conseguiu barrar um rodeio em Hortolândia (SP).

A Festa do Peão diz que touro de rodeio pula por índole e que o aparato usado só gera incômodo, não dor.


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